domingo, 18 de março de 2012

GLOSSÁRIO SÂNCRISTO

sans

Samskrtam

O Sânscrito tem seu lugar no conjunto de línguas Indo-Européias. Muitas das línguas da Europa, tais como o Latim, o Inglês, o Grego, etc, pertencem a esta família de línguas. Entretanto, dentro da familia Indo-Européia de línguas, o Sânscrito pertence a um conjunto denominado Indo-Iraquian sendo que o Persa era outra língua dentro desta família. A palavra Samskrtam é composta de:
Sam-S-Krta que significa "polido, elegante, refinado".

Devanágari

A escrita da língua Sânscrita é chamada de "Devanágari", que significa "escrita dos Deuses", "escrita perfeita" ou ainda "cidade dos Deuses". Nos tempos ancestrais, este tipo de escrita era usada principalmente no norte da Índia. Mais tarde, o Devanágari foi adotado por toda a nação. Com o surgimento da impressão o Devanágari foi popularizado tornando-se uma escrita comum.

Com o passar do tempo, alguns estudiosos acreditavam que o Devanágari teria vindo de Benares, a "Cidade dos Deuses".
Números Sânscritos:

Os números são conhecimentos mundialmente como Arábicos, mas, na verdade, foram os indianos que inicialmente os criaram há milênios. Mas esta informação de que os números denominam-se Arábicos se deve à influência dos Árabes depois que invadiram a Índia - assim como os Ingleses e tantos outros povos - trazendo para o Ocidente tais sinais e apresentando-os como símbolos matemáticos.
O Yantra Matamátrika (símbolo da Matemática) é a origem oficial de todos os números. É um desenho geometricamente feito com apenas três símbolos e com os quais foram criados os dez principais algarismos: o círculo, o quadrado e um "X" que corta o quadrado de uma extremidade à outra.

Copiado do site http://reikiuniversal.org/sancristo.html

A

Abhaya Mudra: o gesto que afasta os temores.
Abhayapada: o passo corajoso do sábio.
Adhikara: qualificação.
Adhikaris: aqueles que têm a qualificação.
Aham: eu.
Ahamkara: ego (noção do eu).
Ahimsa: Não-violência. Uma das virtudes (Yamas).
Airavata: Rei dos elefantes.
Ajna Chakra: 6º Chakra, que significa mando, comando.
Akasa: espaço.
Amrtam: o néctar da imortalidade.
Anahata Ananda: felicidade absoluta, própria da vida divina.
Ananta: sem fim, eternidade.
Anga: disciplinas secundárias, membros ou parte de um corpo.
Angi: corpo.
Antah-Karana: instrumento interno de conhecimento.
Apaha: água.
Apana: o prana do Muladhara Chakra encarregado da eliminação.
Ardha: meia, metade.
Artha: objetos.
Asanas: posturas destinada à meditação ou à saúde.
Ashtanga: oito membros.
Atma-Jnana: o conhecimento do Ser.
Atma-Jnana: o conhecimento do Ser, a centelha divina.
Avarana: o véu da ignorância.
Avidya: Ignorância.
Avyakta: nuvem original de energia e matéria indiferenciada,não manifesto.

B

Bahya-Karana: instrumentos externos de conhecimento e ação.
Bandhas: Técnica da Hata Yoga; são compressões musculares.
Bhagavad Gita: O Evangelho de Sri Krishna e seu discípulo Arjuna.
Bhakti : Devoção religiosa e prática de devoção com serviço.
Bhakti Marga: O caminho da devoção.
Bhaya: Medo.
Bhava: atitude, temperamento, disposição mental, inclinação.
Bija: semente. Brahmá: o criador da trindade Hindu.
Brahma-Dvara: porta de Brahmá (Criador da trindade Hindu), o absoluto, o Espírito Divíno, aspecto criador absoluto.
Buddhi: intelecto.

C

Chakras: roda, centros de energia com características da personalidade.
Chakshu: olho.
Chit: Consciência pura.
Cittam: memória.

D

Dakini: Senhora das lanças brilhantes.
Dakshina Tantra: Tantra da mão direita.
Damaru: tambor.
Damaru: Controle dos sentidos e do corpo.
Danda: cajado.
Danta: dente.
Darshana: visão.
Dattatreya: três rostos (representando Bhrama, Vishnu e Shiva).
Devadatta: dado por Deus.
Devas: Seres divínos, os Deuses.
Devata: deidade.
Dhananjaya: conquistador de riqueza.
Dharana: concentração.
Dharma: O dever, a lei fundamental. O caminho da justiça, da retidão e da verdade.
Dhatus: elementos constituintes ou ingredientes essenciais do corpo humano.
Durga: a difícil de ser alcançada, a que não se curva para ninguém.
Dhyana: meditação.
Dvandva: Aspecto duplo.
Dvandvatitha: além dos opostos.
Dwesha: Ódio, antagonismo.

E

Eka: um, único, um certo, algum

Ekaggatarammana: Singularidade de preocupação; "perspicácia.". Em meditação, a qualidade mental que permite que a atenção da pessoa permaneça recolhida e focada em um objeto de meditação determinado.Ekaggatarammana alcança total maturidade com o desenvolvimento dos quatro níveis de jhana.

Ekayana-magga: um caminho unificado; um caminho direto. Um epíteto para a prática de tornar-se consciente das quatro estruturas de referência: o corpo, os sentimentos, a mente e as qualidades mentais.( ver Satipatthana )

El Morya: Mestre Ascencionado da Fraternidade Branca do Oriente. Senhor do primeiro raio cósmico azul, que representa a força, o poder e a proteção da vontade divina. Está ligado à cor azul dos corpos etéricos das pessoas que estão em harmonia com ele. Seu santuário é no pé do Himalaia, em Darjeeling

Etadaggam: o chefe, o melhor.

Evam: Assim, deste modo, nesta forma. Este termo é usado na Tailandia como um encerramento formal de um sermão.

F

G

Gada: maça de guerra.
Gaja: elefante branco.
Gajanana: que tem cara de elefante.
Ganesha: Senhor de todos os seres.
Garuda: águia, veículo de Vishnu.
Ghi manteiga: clarificada no fogo.
Govinda: que cuida das vacas ou das escrituras (Krshina).
Granthi: nó. Gunas: características.
Guru: mestre, (aquele que elimina a ignorância).
Gunas: Tendências, qualidades da mente. A substância básica das coisas.

H

Hansa: pássaro mitológico.
Hatha Yoga: Uma das modalidades do yoga que visa ao equilíbrio físico, emocional e mental, proporcionando saúde, bem-estar, apropriando a unidade psicossomática do yoguin para as mais altas realizações.
Hari: salvador.
Himalaya: morada da neve.
Hiranyagarha: A mente cósmica.

I

Iccha: vontade.
Ida: canal que vai contornando todos os Chakras desde o testículo direito até a narina esquerda.
Indra: o Senhor dos Deuses.
Indriyas: instrumentos externos de conhecimento e ação. Os sentidos do intelecto.
Ishta Devata: Deus pessoal.
Ishvara: Corpo total, o Senhor (Deus pessoal). O corpo causal cósmico
Iswarapranidhana: Entrega ao Absoluto.

J

Jagrat: estado de vigília.
Janu: joelho.
Jiva: O indivíduo; corpo individual, aquele que está identificado com o corpo, a mente ou com o intelecto. Princípio de integração
Jnana Marga: Caminho da inteligência para a compreensão da Realidade manifestada
Jnana-Indriyas: Órgãos de percepção.

K

Kailasa: lar feliz.
Kakini: a sempre existente.
Kali Yuga: Idade das trevas.
É a era de ferro, os dias em que vivemos. Kali Yuga dura 432.000 mil anos
Kama: Desejos materiais.
Kama significa amor, prazer, satisfação. É um dos três sustentáculos da religião hindu. Os outros são Dharma e Artha. Dharma é o mérito religioso e Artha a aquisição de riquezas e bens.
Kamandalu: cabaça, o pote do Sannyasi.
Karana: causal.
Karma: Nosso destino, de acordo com nossas boas ou más ações, praticadas no passado.
Karma-Indriyas: órgãos de ação.
Kartikeya: filho das Krtikas.
Kesha: cabelo.
Khechari Mudra: A língua é introduzida na faringe, depois de cortado o freio da língua. Permite um bloqueio da respiração por longo tempo.
Khevala Kumbaka: Refere-se à pausa respiratória (pulmões cheios). Quanto a retenção é prolongada, configura um pranayama em si, isolada da inspiração (ou puraka) e da expiração (rechaka).
Khadga: Taça.
Khatvanga: Cajado encimado por uma caveira.
Kona: Ângulo.
Koshas: Invólucros, bainha.
Krtikas: As plêiades (estrelas da constelação).
Kriyas: Ação, exercícios de limpeza e purificação dos condutos sutis de energia (Nadis).
Krkara: Pássaro.
Krodha: Raiva, ira, cólera.
Krshna Saranga: antílope negro.
Kurma: Tartaruga.

L

Lakini: A benfeitora de todos.
Labha: Avareza.
Lobha: cobiça.

M

Mada: Egoísmo, arrogância.
Mala: Detrito do pecado.
Mahabhutas: os cinco elementos perceptíveis que constituem a criação.
Mahadeva: o grande Deus.
Mahamaya: a grande ilusão.
Mamakara: noção do meu.
Mananam: refletir sobre o ensinamento.
Manas: Atmosfera mental
Manasa-Puja: culto mental.
Mandala: círculo, diagrama místico dotado de profundo simbolismo.
Mandir: templo.
Manipura Chakra: 3º Chakra, que significa cidade das jóias.
Mantra: Palavras ou sílabas sagradas de grande poder.
Maya Shakti: Poder da criação.
Maya: Ilusão.
Mayura: pavão.
Modaka: doce
de leite e arroz.
Moha: ilusão.
Indica o estado torpe da mente iludida pela falta de conhecimento e capacidade de ver os elementos e suas substâncias como elas são
Mohini: filha da ilusão.
Moksha: Liberação, libertação.
Mowna: Silêncio.
Mudras: Símbolos, gestos, técnicas utilizadas em Yoga e que permitem mais facilmente concentrar numa idéia ou sentimento, permitindo harmonizar corpo e mente numa só atitude.
Mukti: Libertação.
Mukta-Triveni: lugar da junção de três (Nadis) para a liberação.
Muladhara: 1º Chakra que significa básico ou raiz.
Mumukshuta: Intenso desejo de libertação do ciclo de nascimentos e mortes.
Murali: flauta de Krshina.

N

Nabhi: umbigo.
Nabhi Chakra: círculo do umbigo.
Nadichakras: gânglios ou plexos existentes nos corpos grosso, sutil e causal.
Nadikas: pequenos condutos aonde circula a energia vital.
Nadis: canais através dos quais circula a energia vital.
Naga: serpente.
Nakha: unha.
Namaskara: saudações com as mãos unidas na frete do peito.
Namaste: saudações a você.
Nandi: touro, representa Jiva (o indivíduo), sempre perto e com saudade do Atma (Eu).
Nirguna: Ausência de gunas ou qualidades da matéria, é a substância sem atributos. Aspecto abstrato da meditação.
Niyama: Observâncias éticas que ajudam o desabrochar espiritual.

O

P

Pada: sílabas.
Padma: lótus.
Panca-Prana: cinco pranas.
Pancikaranam: processo através do qual os elementos sutis vão se grossificando.
Parabdha : As boas impressões adquiridas nas encarnações anteriores.
Parashu: machado.
Pingala: canal que vai contornando todos os Chakras desde o testículo esquerdo até a narina direita.
Prajna:
(sânscr.; páli, Panna; jap., hannya) – “sabedoria”; saber que transcende a dualidade de sujeito e objeto; uma das seis paramitas. Noção fundamental do budismo Mahayana, refe­re-se à sabedoria intuitiva que pode ser experimentada a qualquer momento e não se transmite por meio de conceitos ou termos intelectuais. Compreender prajna é tido como o mesmo que iluminação, sendo esta uma das marcas es­senciais do estado de Buda
Prakriti: Natureza, matéria matéria primordial (não excluindo a mente).
Prana: energia sutil. Prāna (em sânscrito:प्राण , sopro de vida) é, segundo os Upanishad,[1] antigas escrituras indianas, a energia vital universal que permeia o cosmo, absorvida pelos os seres vivos através do ar que respiram.

Prāna pode significar:

  1. sopro vital

  2. os cinco sopros principais : prāna, apāna, udāna, vyāna, samāna

  3. fluido vital no corpo (segundo Mā Ananda Moyî)

  4. energia nervosa (conforme Shrî_Aurobindo)

  5. princípio de vida (conforme Swâmî Vivékānanda)

  6. força de vida, substância de vie (chez Shrî Aurobindo)

  7. força infinita e onipresente que se manifesta no universo (segundo Swâmi Vivékânanda)

  8. força cósmica que age sobre o ākasha para criar o universo (segundo Swâmî Sivananda Sarasvati).

Pranayama: Disciplina da respiração para a harmonia da energia sutil ou vital.
Prasada: Presente.
Pranava: Om.
Pranayama: A quarta etapa do Yoga. Controle da bioenergia, através do controle respiratório.
Prasad: Oferenda; presente.
Pratyahara: Abstração dos sentidos. Estado em que a mente se abstrai ao ambiente.
O estudante de Yoga deverá praticar o Pratyahara, depois de ter algum progresso na prática de Yama, Niyama, Asana, Pranayama. Pratyahara é a abstração ou retirada dos sentidos dos seus objetos. Os sentidos são suspensos por esta prática. A verdadeira vida interior inicia quando o aspirante se firma nesta prática. O estudante de Yoga, que uma vez pule esta prática para a meditação, sem praticar a retirada dos sentidos, é uma alma iludida. Ele não terá sucesso na contemplação. Pratyahara controla a tendência extrovertida dos sentidos. Pratyahara segue-se automaticamente na prática do Pranayama. Quando a energia vital é controlada pela regulação ou contenção da respiração, os sentidos adelgaçam-se. Eles morrem de fome. Eles ficam magros. Eles não podem sibilar, agora que eles virem a contatar com os objetos. Pratyahara é uma difícil disciplina. Ele é desagradável no começo, mas depois ele se torna muito interessante. Você sentirá uma imensa força interior. Ele exige paciência e persistência consideráveis. Ele irá dar a você um tremendo poder. Você irá desenvolver uma imensa força de vontade. Durante o percurso da prática, os sentidos irão fugir sempre, como um búfalo selvagem em direção aos objetos (dos sentidos). Você deverá recolher-se persistentemente, e fixar a mente em Lakshaya (num só ponto). O Yogi que está bem edificado na prática do Pratyahara, pode meditar muito serenamente, mesmo em meio a uma batalha quando incontáveis armas disparam tiros.Na prática do Pratyahara, você terá que recolher os sentidos dos objetos sensuais sempre, e fixar a sua mente no seu Lakshya, do mesmo modo como o condutor de uma carroça de búfalos impaciente segura-os, fixando-os com uma canga. Você deve tomar um cuidado especial em segurar os seus sentidos gentilmente. Alguns aspirantes os seguram com veemência. Esta é a razão porque eles experimentam uma pequena dor de cabeça, algumas vezes


Pratyaya: pensamentos, cognição.
Prthivi: terra.
Purusha: ser.
Puroshottama: o mais alto Ser.
Pushpa: flor.

R

Raga: Apego.
Rajas: Ação, movimento, atividade.
Rajju: Corda.
Ramana Maharishi : Um dos maiores santos e sábios da Índia. Viveu entre discípulos em Arunachala.
Rshis: Sábios.
Rudra: Uum aspecto de Shiva, que é considerado o devorador do poder cósmico.
Rudraksha: "Olhos de Shiva". Semente com que se faz um colar.

S

Shabda: som.
Saddhu: Anacoreta hindu. Vivi isolado nas florestas e nos montes em meditação.
Shabda-Prapanca: mundo do som.
Sadhaka: progresso espiritual.
Sadhana: Dsciplina.
Sadhya: Objetivo.
Sah: Ele.
Sahasrara: Lótus de mil pétalas.
Saguna : Aspecto concreto da Realidade, isto é, o que está dotado de gunas (qualidades). Aspecto concreto da meditação.
Samadhi: Absorção mental do meditador com o objetivo de meditação, isto é, quando se reconhece que não há diferença entre a criatura e o Criador. União com o Absoluto.
Samadhana: Estado de perfeito equilíbrio.
Samsara: Roda da Vida.
Samana: O prana do Manipura Chakra encarregado da assimilação.
Samatvam: Capacidade de estar sempre o mesmo, tranqüilo.
Samyama: Completo controle mental.
Sankha: Concha. Sanmukha que tem seis faces (cinco órgãos de percepção e a mente).
Sannyasa: Renúncia.
Sarasvati: Deusa do conhecimento e das artes, esposa de Brahmá.
Shariram: corpo, veículo de manifestação do indivíduo.
Sat: Existência absoluta.

satipatthana: fundamentos da atenção plena; estrutura de referência – corpo, sensações, mente e objetos mentais, vistos em e por si mesmos à medida em que ocorrem. A descrição detalhada deste tema, tão importante na prática da cultura mental Budista pode ser encontrada nos dois Satipatthana Suttas
Sattva: tranqüilidade, conhecimento. Clareza, pureza.
Saucham: Pureza interna e externa.
Santosha: Contentamento.
Shakti: poder, energia, força.
Shama: Tranqüilidade da mente.
Shastras: Escrituras.
Shravanam: Escutar o ensinamento.

Shunyata: “No ensinamento Mahayana, shunyata integra os ‘Três Selos do Darma’. Shunyata é a Verdade Suprema, um importante conceito no Budismo e uma característica única do Budismo que o distingue de outros ensinamentos terrenos. A maioria das pessoas não compreende o que significa shunyata, e acredita que seja a nulidade completa, o nada. De forma nenhuma. Shunyata é, na verdade, a mais profunda e maravilhosa filosofia. Quem consegue compreender shunyata compreende o Budismo como um todo. O que é, então, shunyata? É absolutamente impossível explicar o significado de shunyata com apenas uma frase. O Tratado sobre o Mahayana oferece dez definições deshunyata que, apesar de não conseguirem explicar totalmente o seu significado, se aproximam muito disso.

As dez definições de shunyata apresentadas pelo tratado são as seguintes:

  1. Shunyata tem o significado da não obstrução. Assim como o espaço, pode ser encontrado em todos os lugares e não obstrui nenhuma existência material.

2. Shunyata tem o significado da onipresença. Assim como o espaço, a tudo permeia e alcança todos os lugares.

3. Shunyata tem o significado da igualdade. Assim como o espaço, não discrimina e trata tudo da mesma forma.

4. Shunyata tem o significado da vastidão. Assim como o espaço, é vasto, ilimitado e incomensurável.

5. Shunyata tem o significado do amorfo. Assim como o espaço, não tem forma ou feitio.

6. Shunyata tem o significado da pureza. Assim como o espaço, é sempre puro.

7. Shunyata tem o significado da imobilidade. Assim como o espaço, está sempre imóvel, totalmente além de qualquer forma de surgimento ou degeneração.

8. Shunyata tem o significado da negação absoluta. Nega todos os fatos e teorias.

9. Shunyata tem o significado do esvaziamento do próprio shunyata. Nega todos os conceitos de uma natureza individual independente, assim como destrói todo apego ao conceito de shunyata.

10. Shunyata tem o significado do inatingível. Assim como o espaço, não pode ser alcançado ou agarrado.

Essas dez definições não conseguem descrever perfeitamente a verdade de shunyata. Entretanto, juntas, fornecem um vívido quadro para que possamos compreender melhor esse importante ensinamento budista.

Simha: Leão, veículo de Durga.
Snayu: Músculos.
Sneha: Apego.
Srutis: Escrituras sagradas.
Sthula: grosso.
Sukshma: sutil.
Shula: lança.
Susumna: canal central, que parte do Muladhara e sobe até o Sahasrara atravessando todos os Chakras.
Sushupti: estado de sono.
Svadhisthana: 2º Chakra que significa suporte do sopro da vida.
Svapna: estado de sonho.
Svayambhu: auto-existente.
Swami: Estudos das escrituras e do Ser.
Swadhyaya: Piedosos preceptores do hinduísmo, pertencentes a um ordem sacerdotal (swamis).

T

Tada: montanha.
Taijasa: luminoso.
Tamas: inércia, ausência de atividade e clareza.
Tanmatras: elementos sutis originais.
Tantra: governar, controlar, manter através de disciplina.
Tapas: Equanimidade diante dos opostos: dor e prazer.
Tattwa: Qualidades psíquicas do indivíduo.
Tejas: Fogo.
Trigunatmika: Possui três características.
Trikona: Triângulo
Tvak: Pele

U

Udana: O prana do Visuddha Cakra encarregado da ação inversa.
Upanishads: As escrituras da filosofia vedanta.
Uparati: Saciedade. Estado de auto-retraimento.
Upasana: Culto figurado ou abstrato.
Urabhra: carneiro.

V

Vahana: veículo.
Vaikuntha: Céu.
Vajra: Taio
Vakya: frases.
Vairagya : Desapego aos objetos dos sentidos. Abnegação.
Vakya: Frases.
Vama Tantra: Tantra da mão esquerda.
Vara Mudra: O gesto que concede a graça.
Varna: Letras.
Vayu: Ar, forma cósmica da energia sutil, aquele que se move por toda parte.
Vedas: Escrituras antigas da Índia.
Vidya: Conhecimento.
Vidyarambha: Início do conhecimento, dia da iluminação.
Vikshepa Shakti: O poder de projetar, criar.
Virabhadra: Herói criado pelos cabelos de Shiva.
Virat : Corpo físico cósmico.
Vishnu: O preservador da trindade Hindu.
Vushvarupa: Forma total, múltipla.
Vishuddha: Quinto Chakra que significa grande pureza.
Vishva: Aquele que é total.
Viveka: Discernimento.
Vrttis: Pensamentos, movimento da mente.
Vyaghra: Tigre (veículo de Durga).
Vyakta: Manifesto.
Vyana: O Prana do Svadhisthana Chakra encarregado da distribuição.
Vyasa: Sábio que compilou os Vedas e escreveu o Mahabharata.

Y

Yama: disciplinas éticas.
Yantra: forma geométrica.
Yoga: unir, direcionar, concentrar, preparar, disciplina.
Yoni: triângulo de cabeça para baixo que representa o sexo feminino e a Shakti.
Yukta-Triveni: lugar da junção de três (Nadis) para a liberação.

SEPTEM SERMONES AD MORTUOS - C.G.Jung

carl-jung-photo

"Sete Sermões aos Mortos",

C.G.Jung.

Eis o famoso "Sete Sermões aos Mortos", de C.G.Jung.

"A produção deste pequeno livro foi precedida por eventos estranhos e esteve repleta de fenômenos de natureza parapsicológica.. Primiero, vários filhos de Jung viram e perceberam 'entidades fantasmagóricas' dentro de casa, enquanto ele próprio sentiu uma 'atomosfera ameaçadaora' à sua volta. Uma das crianças teve um sonho de tom religioso um pouco ameaçador, envolvendo um anjo e um demônio. Então, numa tarde de domingo, o sino da porta de entrada soou furiosamente. Podia-se vê-lo movendo freneticamente, mas não vavia ninguém à vista que fosse responsável pelo ato. Uma multidão de 'espíritos' parecia encher a sala, na verdade a casa, e ninguém podia respirar normalmente no vestíbulo infestado de 'fantasmas'. O Dr. Jung gritou com voz pertubadora e trêmula: 'Em nome de Deus, o que significa isso?' A resposta veio num coro de 'vozes fantasmagóricas': 'Voltamos de Jerusalém, onde não encontramos o que buscávamos'. Com essas palavras começa o tratado que se intitula em latim Septem Sermones ad Mortuos, e então continua em alemão com o subtítulo: "Sete Exortações aos mortos escrito por Basilides de Alexandria, a cidade onde oriente e ocidente se encontram".

(Hoeller, p. 41)

HISTÓRICO:
* Sua primeira edição foi em alemão e poucas cópias foram distribuídas entre seus amigos íntimos uma versão impressa, sem data nem reserva de direitos.

* Hove também uma edição inglesa em 1952, impressa particularmente por John M. Matkins, traduzido para o inglês por H. G. Baynes. Essa edição também não possui reserva de direitos.
* Anos mais tarde, a Random House Inc. publicou este tratado - copyright 1961, 1962 e 1963.
* Terceira edição inglesa, impressa e piblicada por Robinsos & Watkins, Ltd. Londres, copyright 1967.
* A primeira edição americana de "Memórias Sonhos e Reflexões", de 1961, editada por Aniela Jaffé, com tradução de Richard e Clara Winston, publicada pela Pantheon Books de Nova York, reproduziu fielmente a primeira edição alemã deste livro que não incluia "Os Sete Sermões aos Mortos".
* Logo após surgiu uma edição americana, da Vintage Books, com este tratado incluso no "Memórias Sonhos e Reflexões" sob a forma de apêndice (copyright 1961, 1962, 1963)

OBSERVAÇÃO: O ANAGRAMA contido no final deste tratado jamais foi "traduzido", Jung nunca mencionou seu significado...

PARA SABER MAIS:

HOELLER, Stephan A. "A Gnose de Jung". São Paulo: Cultrix, 1991

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SEPTEM SERMONES AD MORTUOS

Sete exortações aos mortos, escritas por Basilides em Alexandria, a cidade onde Oriente e Ocidente se encontram.

Por Carl Gustav Jung

O PRIMEIRO SERMÃO

Os mortos retornaram de Jerusalém, onde não encontraram o que buscavam. Eles pediram para serem admitidos à minha presença e exigiram ser por mim instruídos; assim, eu os instruí:
Ouvi: Eu começo com nada. Nada é o mesmo que plenitude. No estado de infinito, plenitude é o mesmo que vazio. O Nada é ao mesmo tempo vazio e pleno. Pode-se também afirmar alguma outra coisa a respeito do Nada, ou seja, que é branco ou negro, existente ou inexistente. Aquilo que é infinito e eterno não possui qualidades porque contém todas as qualidades.

O Nada ou plenitude é por nós chamado de o PLEROMA. Nele, pensamento e existência cessam, porque o eterno é desprovido de qualidades. Nele, não existe ninguém, porque se existisse alguém, este então se diferenciaria do Pleroma e possuiria qualidades que o distinguiriam do Pleroma.

No Pleroma não existe nada e existe tudo: não é bom pensar sobre o Pleroma, pois fazê-lo significaria dissolução.

O MUNDO CRIADO não está no Pleroma, mas em si mesmo. O Pleroma é o princípio e o fim do mundo criado. O Pleroma penetra o mundo criado como a luz solar penetra toda a atmosfera. Embora o Pleroma penetre-o por completo, o mundo criado não participa dele, da mesma forma que um corpo sumamente transparente não se torna escuro ou colorido como resultado da passagem da luz por ele. Nós mesmos, no entanto, somos o Pleroma e assim sendo, o Pleroma está presente em nós. Mesmo no ponto mais minúsculo, o Pleroma está presente sem limite algum, eterna e completamente, porque pequeno e grande são qualidades estranhas ao Pleroma. Ele é o nada onipresente, completo e infinito. Eis porque vos falo do mundo criado como uma porção do Pleroma, mas unicamente em sentido alegórico; pois o Pleroma não se divide em partes, por ser o nada. Somos também o Pleroma como um todo; visto que num aspecto figurativo o Pleroma é um ponto excessivamente pequeno, hipotético, quase inexistente em nós, sendo igualmente o firmamento ilimitado do cosmo à nossa volta. Por que então discorremos sobre o Pleroma, se ele é o todo e também o nada?

Eu vos falo como ponto de partida, e também para eliminar de vós a ilusão de que em algum lugar, dentro ou fora, existe algo absolutamente sólido e definido. Tudo o que chamam de definido e sólido não é mais do que relativo, porque somente o que está sujeito a mudança apresenta-se definido e sólido.

O mundo criado está sujeito a mudar. Trata-se da única coisa sólida e definida, uma vez que possui qualidades. Em verdade, o próprio mundo criado nada mais é que uma qualidade.
Indagamos: como se originou a criação? As criaturas de fato têm origem, mas não o mundo criado, porque este é uma qualidade do Pleroma, da mesma forma que o incriado; a morte eterna também representa uma qualidade do Pleroma. A criação é eterna e onipesente. O Pleroma possui tudo: diferenciação e indiferenciação.

Diferenciação é criação. O mundo criado é de fato diferenciação. A diferenciação é a essência do mundo criado e, por essa razão, o que é criado gera também mais diferenciação. Eis porque o próprio homem é um divisor, porquanto sua essência é também diferenciação. Eis por que ele distingue as qualidades do Pleroma, qualidades essas que não existem. Essas divisões, o homem extrai de seu próprio ser. Eis por que o homem dicorre sobre as qualidades do Pleroma, que são inexistentes
Vós me dizeis: Que benefício existe então em falar sobre o assunto, uma vez que se afirmou ser inútil pensar sobre o Pleroma?

Eu vos digo essas coisas para libertar-vos da ilusão de que é possível pensar sobre o Pleroma. Quando falamos de divisões do Pleroma, falamos da posição de nossas próprias divisões, falamos de nosso próprio estado diferenciado; mas embora procedamos desta forma, na realidade nada dissemos sobre o Pleroma. No entanto, é necessário falarmos de nossa própria diferenciação. Eis por que devemos distinguir qualidades individuais.

Dizeis: Que mal não decorre do driscriminar, pois nesse caso transcendemos os limites de nosso próprio ser; estendemo-nos além do mundo criado e mergulhamos no estado indiferenciado, outra qualidade do Pleroma. Submergimos no próprio Pleroma e deixamos de ser seres criados. Assim, tornamo-nos sujeitos à dissolução e ao nada.

Essa é a verdadeira morte do ser criado. Morremos na medida em que não somos capazes de discriminar. Por essa razão, o impulso natural do ser criado volta-se para a diferenciação e para a luta contra o antigo e pernicioso estado de igualdade. A tendência natural chama-se Princípio de Individuação. Esse princípio constitui de fato a essência de todo ser criado. A partir de tudo isso, podeis prontamente reconhecer por que o princípio indiferenciado e a falta de discrininação representam um grande perigo para os seres criados. Eis por que devemos ser capazes de distinguir as qualidades do Pleroma. Suas qualidades são os PARES DE OPOSTOS, tais como:
o eficaz e o ineficaz

plenitude e o vazio

o vivo e o morto

diferença e igualdade

luz e treva

quente e frio

energia e matéria

tempo e espaço

bem e mal

beleza e fealdade

o um e os muitos

e assim por diante.

Os pares de opostos são as qualidades do Pleroma: também são na verdade inexistentes, porque se anulam mutualmente.

Como nós mesmos somos o Pleroma, também possuímos essas qualidades presentes em nós. Visto que a essência do nosso ser é a diferenciação, possuímos essas qualidades em nome e sob o sinal da diferenciação, o que significa:

Primeiro: que em nós as qualidades estão diferenciadas, separadas, umas das outras e, dessa forma, não se anulam mutualmente; ao contrário, encontram-se em atividade. Eis por que somos vítimas dos pares de opostos. Porque em nós o Pleroma divide-se em dois.

Segundo: as qualidades pertencem ao Pleroma, e nós podemos e devemos partilhá-las somente em nome e sob o sinal da diferençiaão. Devemos nos separar dessas qualidades. No Pleroma, elas se anulam mutualmente; em nós não. Porém, se soubermos percebermo-nos como seres à parte dso pares de opostos, obteremos a salvação.

Quando lutamos pelo bom e pelo belo, esquecemo-nos de nosso ser essencial, que é a diferenciação, e nos tornamos vítimas das qualidades do Pleroma, os pares de opostos. Lutamos para alcançar o bom e o belo, mas ao mesmo tempo obtemos o mau e o feio, porque no Pleroma estes são idênticos àqueles. Todavia, se permanecermos fiéis à nossa natureza, que é a diferenciação, então nos diferenciaremos do mau e do feio. Só assim não imergimos no Pleroma, ou seja, no nada e na dissolução.
Discordareis, dizendo: Afirmastes que diferenciação e igualdade constituem também qualidades do Pleroma. O que ocorre, quando lutamos pela diferenciação? Não somos no caso fiéis à nossa natureza e, portanto, devemos também ficar eventualmente em estado de igualdade , enquanto lutamos pela diferenciação?

O que não deveis esquecer jamais é que o Pleroma não tem qualidades. Somos nós que criamos essas qualidades através do intelecto. Quando lutamos pela diferenciação ou pela igualdade, ou por outras qualidades, lutamos por pensamentos que fluem para nós a partir do Pleroma, ou seja, pensamentos sobre as qualidades inexistentes do Pleroma. Enquanto perseguis essas idéias, vós vos precipitais novamente no Pleroma, chegando ao mesmo tempo à diferenciação e à igualdade. Não a vossa mente, mas o vosso ser constitui a diferenciação. Eis por que não deveríeis lutar pela diferenciação e pela discriminação como as conheceis, mas sim por VOSSO PRÓPRIO SER. Se de fato assim o fizéssemos, não teríeis necessidade de saber coisa alguma sobre o Pleroma e suas qualidades e, ainda assim, atingiríeis o vosso verdadeiro objetivo, devido à vossa natureza. No entanto, como o raciocínio aliena-vos de vossa real natureza, devo ensinar-vos o conhecimento para que possais manter vosso raciocínio sob controle.

O SEGUNDO SERMÃO

Os mortos se ergueram durante a noite junto às paredes e gritaram: Queremos saber sobre Deus! Onde está Deus?

-Deus não está morto; Ele está tão vivo quanto sempre esteve. Deus é o mundo criado, na medida em que é algo definido e, portanto, diferenciado do Pleroma. Deus é uma qualidade do Pleroma, e tudo o que afirmei sobre o mundo criado é igualmente verdadeiro no que a Ele se refere.

Entretanto, Deus se distingue do mundo criado, pois é menos definido e definível do que o mundo cirado em geral. Ele é menos diferenciado que o mundo criado, porque a essência do seu SER é a efetiva plenitude; e só na medida se Sua definição e diferenciação que Ele é idêntico ao mundo criado; portanto, Ele representa a manifestação da efetiva plenitude do Pleroma.

Tudo o que não diferenciamos precipita-se no Pleroma e anula-se com seu oposto. Portanto, se não discernimos Deus, a plenitude efetiva elimina-se para nós. Deus é também o próprio Pleroma, da mesma forma que cada um dos pontos mais minúsculos dentro do mundo criado, bem como no plano incriado, constitui o próprio Pleroma.

O vazio efetivo é o ser do Demônio. Deus e Demônio são as primeiras manifestaçães do nada a que chamamos de Pleroma. Não importa se o Pleroma existe ou não existe, porque ele se anula em todas as coisas. O mundo criado, entretanto, é diferente. Na medida em que Deus e Demônio são seres criados, eles não se suprimem mutualmente, mas resistem um ao outro como opostos ativos. Não necessitamos de prova da sua existência; basta que sejamos obrigados a falar sempre deles. Mesmo que eles não existissem, o ser criado (devido à sua própria natureza) os produziria continuamente, a partir do Pleroma.

Tudo o que se origina no Pleroma pela diferenciação constitui pares de opostos; portanto, Deus sempre tem consigo o Demônio.

Como aprendestes, esse inter-relacionamento é tão íntimo, tão indissolúvel em vossas vidas, que se apresenta como o próprio Pleroma. Isso porque ambos permanecem muito próximos do Pleroma, no qual todos os opostos se anulam e se unificam.

Deus e Demônio distinguem-se pela plenitude e pelo vazio, pela geração e pela destruição. A atividade é comum a ambos. A atividade unifica-os. Eis por que ela permanece acima de ambos, sendo Deus acima de Deus, por unificar plenitude e vazio em seu trabalho.

Há um Deus sobre o qual nada sabeis, porque os homens esqueceram-no. Nós o chamamos por seu nome: ABRAXAS. Ele é menos definido que Deus ou o Demônio. Para distinguir Deus dele, chamamos a Deus Helios, ou o Sol.

Abraxas é a atividade; nada pode resistir-lhe, exceto o irreal, e assim, o seu ser ativo desenvolve-se livremente. O irreal não existe, portanto, não pode de fato resistir. Abraxas permanece acima do sol e acima do demônio. Ele é o improvável provável, que é poderoso no plano da irrealidade. Se o Pleroma pudesse ter uma existência, Abraxas seria sua manifestação.

Embora ele seja a própria atividade, não constitui um resultado específico, mas um resultado em geral.
Ele representa a não-realidade ativa, porque não possui um resultado definido.

Ele é ainda um ser criado, na medida em que se diferencia do Pleroma.

O sol exerce um efeito definido, assim como o demônio; portanto, eles se nos apresentam muito mais efetivos do que o indefinível Abraxas.

Pois ele é poder, persistência e mutação.

-Nesse ponto, os mortos provocaram uma grande rebelião, porque eram cristãos.

O TERCEIRO SERMÃO

Os mortos aproximaram-se como névoa saída dos pântanos e gritaram: -Fala-nos mais sobre o deus supremo!
- Abraxas é o deus a quem é difícil conhecer. Seu poder é verdadeiramente supremo, porque o homem não o percebe de modo algum. O homem vê o summum bonum (bem supremo) do sol e também o infinum malum (mal sem fim) do demônio, mas Abraxas não, porque este é a própria vida indefinível, a mãe do bem e do mal igualmente.

A vida parece menor e mais fraca do que o summum bonum (bem supremo), daí a dificuldade de se conceber que Abraxas possa suplantar em seu poder o sol, que representa a fonte radiante de toda a força vital.

Abraxas é o sol e também o abismo eternamente hiante do vazio, do redutor e desagregador, o demônio.
O poder de Abraxas é duplo. Vós não podeis vê-lo, porque a vossos olhos a oposição a esse poder parece anulá-lo.

O que é dito pelo Deus-Sol é vida.

O que é dito pelo Demônio é morte.

Abraxas, no entanto, diz a palavra venerável e também a maldita, que é vida e morte ao mesmo tempo.
Abraxas gera a verdade e a falsidade, o bem e o mal, a luz e a treva, com a mesma palavra e no mesmo ato. Portanto, Abraxas é verdadeiramente o terrível.

Ele é magnífico como o leão no exato momento em que abate sua presa. Sua beleza equivale à beleza de uma manhã de primavera.

De fato, ele próprio é o Pã maior e também o menor. Ele é Príapo.

Ele é o monstro do inferno, o polvo de mil tentáculos, o contorcer de serpentes aladas e da loucura.

Ele é o hermafrodita da mais baixa origem.

Ele é o senhor dos sapos e das rãs que vivem na água e saem para a terra, cantando juntos ao meio-dia e à meia-noite.

Ele é plenitude unindo-se ao vazio;

Ele constituí as bodas sagradas;

Ele é o amor e o assassino do amor;

Ele é o santo e o seu traidor.

Ele é a luz mais brilhante do dia, e a mais profunda noite da loucura.

Vê-lo significa cegueira;

Conhecê-lo é enfermidade;

Adorá-lo é morte;

Temê-lo é sabedoria;

Não resistir-lhe significa libertação.

Deus vive detrás do Sol; o demônio vive atrás da noite. O que deus traz à existência a partir da luz, o demônio arrasta para a noite. Abraxas, entretanto, é o cosmo; sua gênese e sua dissolução. A cada dádiva do Deus-Sol, o demônio acrescenta sua maldição.

Tudo aquilo que pedis a Deus-Sol leva a uma ação do demônio. Tudo o que abtendes através do Deus-Sol aumenta o poder efetivo do demônio.

Assim é o terrível Abraxas.

Ele é o mais poderoso ser manifestado e nele a criação torna-se temerosa de si mesma.

Ele é o terror do filho, que ele sente contra a mãe.

Ele é o amor da mãe por seu filho.

Ele é o prazer da terra e a crueldade do céu.

Diante de sua face o homem fica paralisado.

Ante ele, não há pergunta nem resposta.

Ele é a vida da criação.

Ele é a atividade da diferenciação.

Ele é o amor do homem.

Ele é a fala do homem.

Ele é tanto o brilho como a sombra escura do homem.

Ele é a realidade enganosa.

- Nesse ponto, os mortos clamaram e deliraram porque ainda eram seres incompletos.

O QUARTO SERMÃO

Resmungando, os mortos encheram a sala e disseram: - Tus que és maldito, fala-nos sobre deuses e demônios!
-Deus-Sol é o bem supremo, o demônio é o oposto; portanto, tendes dois deuses. Há, contudo, inúmeros grandes bens e numerosos grandes males; entre eles existem dois deuses-demônios, um dos quais é o FLAMEJANTE e o outro, o FLORESCENTE. O flamejante é EROS em sua forma de chama. Ele brilha e devora. O florescente é a ÁRVORE DA VIDA; ela cresce verdejante e acumula matéria viva enquanto cresce. Eros flameja e então se apaga; a árvore da vida, no entanto, desenvolve-se lentamente através de incontáveis eras.

Bem e mal estão unidos na chama.

Bem e mal estão unidos no crescimento da árvore.

Vida e amor opõem-se mutualmente em sua divindade.

Imensurável como os agrupamentos de estrelas é o número de deuses e demônios. Cada estrela representa um deus e cada espaço ocupado por uma estrela, um demônio. E o vazio do todo é o Pleroma. A atividade do todo é Abraxas; só o irreal opõe-se a ele. O quatro constitui o número das divindades principais, porque quatro é o número das dimensões do mundo. O Um é o princípio; Deus-Sol. O Dois é Eros, porque ele se expande com uma luz brilhante e combina duas. O Três é a Árvore da Vida, porque ela preenche o espaço com corpos. O quatro é o demônio, porque ele abre tudo o que está fechado; ele dissolve tudo o que tem forma e corpo; ele é o destruidor, no qual todas as coisas dão em nada.

Abençoado sou, porque me é dado conhecer a multiplicidade e a diversidade dos deuses. Lastimo-vos, porque substituístes a unidade de Deus pela diversidade que não se pode converter em unidade. Por meio disso, criastes o tormento da incompreensão e a mutilação do mundo criado, cuja essência e lei é a diversidade. Como podeis ser leais à vossa naturreza quando tentais fazer um dos muitos? O que fazeis aos deuses, também vos sobrevém. Todos vós se tornam, assim, iguais e, por isso, vossa natureza também, fica mutilada

Em benefício do homem pode reinar a unidade, mas nunca em benefício de deus, pois existem muitos deuses, porém poucos homens. Os deuses são poderosos e suportam sua diversidade, visto que, como as estrelas, eles permanecem em solidão e separados por vastas distâncias uns dos outros. Os seres humanos são fracos e não conseguem suportar sua diversidade, por viverem próximos uns dos outros e desejarem companhia; assim sendo, não podem suportar os próprios e distintos isolamentos. Em prol da salvação, eu vos ensino aquilo que se deve eliminar, em favor do que eu próprio fui banido.

A multiplicidade dos deuses iguala a multiplicidade dos homens. Incontáveis deuses aguardam para tornarem-se homens. Inúmeros já o foram. O homem é um partícipe da essência dos deuses; ele vem dos deuses e vai para Deus.

Do mesmo modo que é inútil pensar sobre o Pleroma, é inútil adorar essa pluralidade de deuses. Menos útil ainda é adorar o primeiro Deus, a efetiva plenitude e o bem supremo. Através de nossas preces, não podemos nem acrescentar-lhe algo nem subtrair-lhe, porque o efetivo vazio tudo absorve. Os deuses de luz compõem o mundo celestial, que é múltiplo e estende-se até o infinito, expandindo-se ilimitadamente. Seu senhor supremo é o Deus-Sol.

Os deuses das trevas constituem o inferno. Eles não são complexos e têm a capacidade de diminuir e encolher infinitamente. Seu senhor mais profundo é o demônio, o espírito da lua, o servo da terra, que é menor, mais frio e mais inerte do que a terra.

Não há diferença no poder dos deuses celestiais e terrestres. Os celestiais expandem-se, os terrestres contraem-se. As duas direções estendem-se ao infinito.

O QUINTO SERMÃO

Os mortos cheios de escárnio, gritaram: - Ensina-nos, ó tolo, sobre a Igreja e santa comunidade!
- O mundo dos deuses manifesta-se na espiritualidade e na sexualidade. Os deuses celestiais expressem-se na espiritualidade e os terrenos, na sexualidade.

A espiritualidade recebe e compreende. Ela é feminina, por isso nós a chamamos de MATER COELESTIS, a mãe celestial. A sexualidade gera e cria. Ela é masculina, portanto nós a chamamos de PHALLOS, o pai telúrico. A sexualidade do homem é mais terrena enquanto a sexualidade da mulher, mais celestial. A espiritualidade do homem é celestial, porquanto se move na direção do maior. Por outro lado, a espiritualidade da mulher é mais terrena porque se move na direção do menor.
Ilusória e demoníaca é a espiritualidade do homem que se dirige ao menor. Ilusória e demoníaca é a espiritualidade da mulher que se dirige ao maior. Cada uma deve dirigir-se a seu próprio lugar.

Homem e mulher tornam-se demônios um para o outro quando não separam seus caminhos espirituais, pois a natureza dos seres criados é sempre a natureza da diferenciação.

A sexualidade do homem volta-se para o terreno; a sexualidade da mulher volta-se para o espiritual. Homem e mulher tornam-se demônios um para o outro quando não distinguem suas duas formas de sexualidade.

O homem deve conhecer o que é menor, a mulher o que é maior. O homem deve separar-se da espiritualidade e também da sexualidade. Ele deve chamar a espiritualidade e mãe e entronizá-la entre o céu e a terra. Ele deve chamar a sexualidade de phallos, colocando-a entre o próprio ser e a terra, porque a mãe e phallos são demônios super-humanos e manifestações do mundo dos deuses. Eles se apresentam mais eficientes para nós do que os deuses por estarem mais próximos do nosso ser. Quando não puderdes distinguir entre vós próprios, de um lado, a sexualidade e espiritualidade, de outro, e quando não fordes capazes de considerar que ambos são seres superiores e exteriores a vós, então sereis vitimados por eles, i. e., pelas qualidades do Pleroma. Espiritualidade e sexualidade não constituem qualidades vossas, não são coisas que podeis possuir e apreender, ao contrário, trata-se de demônios poderosos, manifestações de deuses e, portanto, são muito superiores a vós e existem em simesmas. Ninguém possui espiritualidade ou sexualidade para si mesmo; antes, estamos sujeitos às leis da sexualidade e da espiritualidade. Portanto, ninguém escapa a esses dois demônios. Deveis considerá-los demônios, causas comuns e perigos graves, assim como os deuses e, acima de tudo, o terrível Abraxas.

O homem é fraco, portanto a comunidade torna-se indispensável; se não a comunidade sob o signo da mãe, então aquela sob o signo de phallos. Não haver comunidade constitui sofrimento e enfermidade. A comunidade traz consigo fragmentação e dissolução. A diferenciação conduz à solidão. A solidão é contrária à comunidade. Devido à fraqueza da vontade humana, em oposição aos deuses e demônios e suas leis que não se pode escapar, a comunidade é necessária.

Eis por que devem existir tantas comunidades quantas forem necessárias; não por causa dos homens, mas por causa dos deuses. Os deuses forçam-nos a uma comunhão. Eles vos forçam a associar-vos tanto quanto necessário; mais do que isso, porém, converte-se num mal.

Em comunhão, cada um deve sujeitar-se ao outro, para a preservação da comunidade, visto que dela tendes necessidade. No estado de solidão, cada qual será colocado acima dos demais, para que possa conhecer-se e evitar a servidão. Na comunidade haverá abstinência.

Na solidão, deixai que haja desperdício de abundância. Porque a comunidade é profundidade enquanto a solidão, altura.

A verdadeira ordem na comunidade purifica e preserva.

A verdadeira ordem na solidão purifica e aumenta.

A comunidade dá-nos calor; a solidão, luz.

O SEXTO SERMÃO

O demônio da sexualidade insinua-se em nossa alma como uma serpente. Trata-se de uma alma semi-humana e chama-se pensamento-desejo.

O demônio da espiritualidade pousa em nossa alma como um pássaro branco. Trata-se de uma alma semi-humana e chama-se desejo-pensamento.

A serpente constitui uma alma telúrica, semidemoníaca, um espírito relacionado com o espírito dos mortos. Com o espírito dos mortos, a serpente penetra vários objetos terrenos. Ela também instila temor de si no coração dos homens e inflama-lhes o desejo. A serpente geralmente tem caráter feminino e busca a companhia dos mortos. Ela se associa aos mortos presos à terra que não encontraram o caminho pelo qual se passa ao estado de solidão. A serpente é uma prostituta que se consorcia com o demônio e maus espíritos; ela é um espírito tirano e atormentador, sempre tentando as pessoas a cultivar a pior espécie de companhia.

O pássaro branco representa a alma semicelestial do homem. Ele vive com a mãe, descendo ocasionalmente da morada materna. O pássaro é masculino e chama-se pensamento efetivo. Ele é casto e solitário, um mensageiro da mãe. Voa alto sobre a terra. Comanda a solidão. Traz mensagens de longe, daqueles que nos antecederam na partida, daqueles que alcançaram a perfeição. Leva nossas palavras até a mãe. A mãe intercede e adverte, mas não possui poderes contra os deuses. Ela é um veículo do sol.

A serpente desce às profundezas e, com sua astúcia, ao mesmo tempo paralisa e estimula o demônio fálico. Ela traz das profundezas os pensamentos mais ardilosos do demônio telúrico; pensamentos que rastejam por todas as passagens e tornam-se saturados de desejo. Embora não deseje sê-lo, ela nós é útil. A serpente escapa ao nosso alcance, nós a perseguimos, e assim ela nos mostra o caminho, o qual, com nossa limitada capacidade humana, não poderíamos encontrar.
-Os mortos ergueram o olhar com desprezo e disseram: - Cessa de falar-nos sobre deuses, demônios e almas. Sabemos de tudo isso em essência há muito tempo!

O SÉTIMO SERMÃO

À noite novamente retornaram os mortos, dizendo entre queixas: - Uma coisa mais devemos saber, pois esquecemos de discuti-la: ensina-nos a respeito do homem!

- O homem é um portal por meio do qual penetramos, do mundo exterior dos deuses, demônios e almas, no mundo interior; do mundo maior no mundo menor. Pequeno e insignificante é o homem; logo o deixamos para trás e assim entramos uma vez mais no espaço infinito, no microcosmo, na eternidade interior.

À imensurável distância cintila solitária uma estrela, no ponto mais alto do céu. Trata-se do único Deus desse solitário ser. É seu mundo, seu Pleroma, sua divindade.

Nesse mundo, o homem é Abraxas, que dá discernimento a seu próprio mundo e devora-o.
Essa estrela é o Deus do homem e seu destino.

Ela é sua divindade tutelar; nela o homem encontra o repouso.

A ela conduz a longa jornada da alma após a morte; nela reluzem todas as coisas que, de outro modo, poderiam afastar o homem do mundo maior, com o brilho de uma grande luz.

A esse Ser, o homem deveria orar.

Tal prece aumenta a luz da estrela.

Tal prece constrói uma ponte sobre a morte.

Ela aumenta a vida no microcosmo; quando o mundo exterior esfria, essa estrela ainda brilha.

Nada poderá separar o homem de seu Próprio Deus, se ele ao menos conseguir desviar o olhar do feérico espetáculo de Abraxas.

Homem aqui, Deus lá. Fraqueza e insignificância aqui, eterno poder criador lá. Aqui, há somente treva e frio úmido. Lá tudo é luz solar.

Tendo assim ouvido, os mortos silenciaram e elevaram-se como a fumaça da fogueira do pastor que guarda o seu rebanho à noite.

ANAGRAMA:
Nahtriheccunde
Gahinneverahtunin
Zehgessurklach
Zunnus

GLOSSÁRIO INDIANO

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A

ACARYA - Mestre espiritual que ensina por seu próprio exemplo.

ADHIKARI - Discípulo preparado, aspirante à "sabedoria de si próprio". A filosofia vedanta assinala três classes de adhikari: 1- Uttama adhikari: o discípulo perfeito, que, somente com um breve esclarecimento de seu guru a respeito do caminho, pode captar de modo total o segredo intrínseco do ensinamento recebido; 2- Maddima adhikari: o discípulo que ainda necessita de explicação, se bem que já intuiu o caminho de maneira reta e firme; 3- Addama adhikari: aquele que requer uma perfeita educação, um constante cuidado por parte de seu guru. Sua percepção da verdade é muito pálida, confusa.

ADVAITA - Não dualismo, ou monismo. Uma das três escolas de filosofia vedanta, fundada por Sankaracharya, sábio brahmin do século VIII ou IX de nossa era. O coração da sua doutrina está na afirmação "Tat Vam Asi", ou seja, a identificação do homem com Deus.

AGNI - Fogo, e também o deus do fogo, nos Vedas; o mais antigo e venerado dos deuses na Índia. O terceiro dos tattvas, contando do mais sutil ao mais denso.

AHANKARAAham: eu; Kara: fazer dizer. Literalmente: fazer dizer "eu". É o conceito errôneo, fantasia, suposição ou crença que relaciona todos os objetos e atos da consciência a um "eu". É o centro e primeira força causante da ilusão. Pelos efeitos do Ahankara, apropriamo-nos continuamente de tudo quanto acontece nos domínios do físico e do psíquico, acrescentando-lhe a falsa noção de um sujeito (um "eu") como espetáculo de todos os fatos e penúrias. Também se traduz como egoísmo, egocentrismo.

AHIMSA - Da raiz Han: matar; Himsa: "intenção de matar"; ahimsa: não danar, entendendo-se como não provocar nenhum tipo de sofrimento a nenhuma criatura. É o primeiro mandamento do Yama, ou "disciplina geral", exigida daqueles que aspiram ao Samadhi, e consiste em renunciar à intenção de prejudicar alguém com pensamentos, palavras ou atos – Não-violência.

AKARMA - (Naiskarma) ação pela qual não se sofre qualquer reação porque é executada em consciência de Krishna.

AKASHA - O espaço, considerado como um recipiente que abrange todas as coisas. É o primeiro dos tattvas, e é definido como "aquele que possui a capacidade de se acomodar", ou "aquele que tem a capacidade de conter". Substância primordial.

AKSHARA-PURUSHA Akshara: indivisível, indestrutível, sempre perfeito, imutável; Purusha: mônada da vida individual, inativa, testemunha silenciosa. A filosofia Yoga afirma que existe um único Purusha, que é Ishvara.

ANANDA - Bem-aventurança transcendental.

ANTAHKARANA - Antah: interno, interior; Karana: órgão de ação, meio, instrumento; ou seja, "órgão interno". É formado pela união de Buddhi (consciência intuitiva), Ahankara (noção do eu) e manas (intelecto, mente).

ANUSVARA - Signo gramatical, correspondente a um ponto, que se coloca sobre uma letra ou sílaba, indicando que o som deve ser M ou N anasalado.

APAS - Água. Um dos cinco tattvas, o quarto deles, contando do mais sutil ao mais denso.

ARANI - Disco de madeira, com um buraco no meio, onde se faz fogo pela fricção com um pau.

ARIANO - Aquele que conhece o valor da vida e tem uma civilização baseada na realização espiritual. Nobre, valente.

ASHRAM - Literalmente: ordem, hierarquia, retiro. Edifício sagrado, mosteiro ou ermida para fins ascéticos.

ATMA - (ATMAN) A mônada divina no homem. Segundo a filosofia vedanta, este Atma é individualmente idêntico a Deus.

AUM - A sílaba sagrada, mística; emblema da divindade. O símbolo da eternidade. Com esta sílaba começam os Vedas, e com ela terminam, indicando que ela é o início e o fim deste universo. A pronúncia desta sílaba é OM, pois, no sânscrito, a vogal O forma-se pelo ditongo a+u.

AVARANA-SHAKTI -  O primeiro dos dois poderes de Maya, ou ilusão; é o poder de velar a verdade, impedindo assim o real conhecimento.

AVATARA - (Lit., aquele que descende). Uma encarnação ou individuação da Divindade que descende do céu espiritual para o universo material com uma missão particular descrita nas escrituras.

AVIDYA - (a – não, vidhya – conhecimento) necessidade, ignorância.

AURIGA - Cocheiro.

B

BHAGAVAD -   Variação de Bhagavant, em sânscrito significa sublime. Guita, pronuncia-se guitá – canção. Note-se que, nas palavras sânscritas, g tem sempre o som gutural; h é aspirado; sh lê-se como o ch ou x chiante (em chá, xarope); â,i,u têm o som prolongado; y é um i brevíssimo; ch soa tch.

BHAGAVAD-GITA - Canção do Divino Mestre, é o sexto parva do Mahabbarata, se estende pelos capítulos 23 a 42. Os 18 capítulos (cantos) Contam com 701 estrofes, é considerado o evangelho da índia, e os hindus acreditam, que neste poema está toda a essência dos Vedas.  BHAGAVAD-GITA

BHAGAVAN (Bhaga – opulência, van – possuindo). O possuidor de todas as opulências, que          são geralmente seis – riqueza, força, fama, beleza, conhecimento e renúncia; um epíteto da Individualidade Suprema.

BHAKTI - Amor a Brahman; serviço purificado dos sentidos do Senhor através dos próprios sentidos da pessoa.

BHAKTI-YOGA - O sistema do cultivo de bhakti, ou serviço devocional puro, que não é manchado pela gratificação dos sentidos ou especulação filosófica.

BHIMA - Um dos cinco irmãos Pandava.

BHISMA - Um grande devoto e membro mais velho da família da dinastia Kuru.

BRAHMA - O primeiro ser vivo creado. É o Deus-creador. A existência relativa.

BRAHMAN - O supremo e agnoscível princípio do universo, de cuja essência tudo emana e à qual tudo volta. A Divindade Universal. A essência absoluta.

BRAHAMACHARYA - O voto de estrita abstinência sexual.

BRAHMA-SUTRA -  Veja Vedanta-sutra.

BRAHMA VIDYA -   A ciência a respeito de Brahma e sua verdadeira natureza. Literalmente: ciência ou sabedoria divina.

BUDDHA - Literalmente: "o iluminado"; o ser perfeito, absolutamente livre de toda atadura ou ilusão.

BUDDHI - Da raiz verbal sânscrita "budh": despertar, tirar do sonho, refletir, pensar. Budhi significa o conhecimento seguro sobre algo dado, conhecimento que não permite dúvida. Órgão que discrimina; inteligência intuitiva, razão.

C

CHAKRA - Roda, círculo, disco. Utiliza-se esta palavra para nomear os sete centros de energia, padmas, plexos ou lótus que existem no corpo humano. Estes chakras são, do inferior ao superior: Muladhara, chakra raiz ou básico, localizado na base da coluna vertebral, entre o nascimento dos órgãos genitais e o ânus; Swadhistana, chakra do baço; Manipura, chakra do umbigo; Anahata, chakra cardíaco, localizado no coração; Vishuddha, chakra laríngeo, está à frente da garganta; Ajna, chakra frontal, entre as sobrancelhas; Sahasrara, chakra coronária, no alto da cabeça.

CHANDAS- Ver Vedangas.

CHITTA - A mente material, e às vezes, memória. É o particípio do verbo cint/cit: pensar; assim sendo, indica tudo quanto foi experimentado ou agido pela mente. Ghita é também a "substância mental".

D

DEVA - Um semideus ou pessoa divina. Anjo.

DHARMA - Da raiz dhr: levar, suster, portar. Significa "o que sustém, mantém unido ou elevado". É a lei universal e também a lei particular, a justiça ideal, que faz com que as coisas sejam o que é, ou melhor o que "deve ser".

DNANUM - O conhecimento que dimana do estudo dos livros filosóficos e dos ensinamentos de um mestre.

DRUPADA - Um guerreiro dos Pandavas no campo de batalha de Kuruksetra. Sua filha Draupadi era esposa dos Pandavas, e seu filho Dhrstadymna, dispôs as falanges militares dos Pandavas.

DUKHA - Dor, aflição, tristeza, pena, desgosto.

DURYODHANA -  O chefe dos filhos malvados de Dhrtarastra. Foi para estabelecê-lo como rei do mundo que os Kurus lutaram na batalha de Kuruksetra.

DVESHA - Aversão, desgosto, repugnância, antipatia, ódio. Sentimento de rejeição da mente ante um objeto, situação, idéia, etc. Um dos cinco impedimentos da consciência (ver Raga).

G

GUNAS - Qualidade, modalidades, atributos. Prakriti, a matéria, caracteriza-se pelas três gunas, ou qualidades, a saber: inércia (tamas), atividade (raja) e harmonia (sattva). Estes não são simples acidentes de Prakriti, são da sua natureza mesma e formam parte da sua composição. Igualmente são as três qualidades de Maya. Quando em uma criatura predomina a guna tamas, essa criatura é torpe, preguiçosa, apática. Se predominar rajas, será agressiva, impulsiva, orgulhosa, e se for sattva, será equilibrada, harmoniosa, compreensiva. Não há coisa deste mundo que esteja livre da influência destas Gunas.

GURU - Shrotriam Brahmanishtan Guruhu, ou seja, guru, é aquele que teve a visão de Brahman. Aquele que chegou a seu templo interior, unificando-se com seu íntimo Ser: por isso está capacitado para ensinar o caminho aos que vão atrás dele na dura ladeira da ascensão espiritual; preceptor, mestre espiritual, guia.

GANDIVA - O nome do arco de Arjuna.

GANGES - O rio sagrado que corre por todo o universo, começando dos pés de lótus de Vishnu. Recomenda-se que a pessoa se banhe no Ganges para purificação.

GAYATRI - Uma vibração transcendental cantada pelas classes devidamente qualificadas das duas vezes nascidos para a realização espiritual.

GOVINDA - Nome de Krishna. "Aquele que dá prazer à terra, às vacas e aos sentidos."

H

HATA-YOGA - : sol; Tha: lua. Hatha: sol-lua; o significado literal seria a união do sol com a lua, ou, melhor dizendo, a harmonia do Prana solar com o lunar, na criatura humana. Esses Pranas ou energias circulam através das narinas; o solar entra pela narina direita, e o lunar pela esquerda. Levando em conta que o prana é a energia elementar do universo manifestado, seu domínio no corpo humano denota uma extrema disciplina dos veículos inferiores, requisito indispensável para o desabrochar de Atma e sua conseqüente união com Paramatma. A maioria dos grandes conhecedores destas sublimes ciências afirmam que o Hatha-yoga é somente uma preparação física, e que de maneira alguma constitui uma doutrina capaz de conduzir à união final. Por isto, se diz que ali onde termina o Hata-yoga, começa o Rajá Yoga, termo que advém do indo-europeu raj, que significa rei pela vontade de Deus, rei consagrado. Um sistema de exercícios corpóreo para ajudar a controlar os sentidos.

I

IKSVAKU - Um filho de Manu que recebeu o conhecimento da Bhagavad-gita, no passado.

ISHVARA - Literalmente: "soberana existência". É o espírito divino no homem, o aspecto de total compreensão da força vital em sua evolução e penetração do cosmos. É comparável a um bosque ou um oceano que tudo contém. Também se dá o nome de Ishvara à mônada vital, porque é uma faísca da pura luz divina transcendente, e participa da onipotência da divina essência.

J

JAPA - Cantar suave dos santos nomes de Brahman executado com a ajuda de 108 contas de rezar.

JIVA - A mônada vital individualizada, isto é, Atma-Budhi. Também pode traduzir-se como vida no sentido do Absoluto. Princípio vital, alma ou espírito vivente, criatura ou ser vivente.

JIVANMUKTI - Literalmente: "o liberado", ou "emancipado em vida". Este ser representa o supremo ideal do homem divino sobre a terra.

JIVATMA - O espírito divino no homem (ver Jiva e Atma).

JNANA - Conhecimento. Jnana material não vai além do corpo material. Jnana transcendental faz distinção entre matéria e espírito. Jnana perfeita é o conhecimento do corpo, da alma e de Brahman.

JNANA-YOGA - O processo predominantemente empírico de estabelecer o elo com o Supremo, que se executa quando a pessoa ainda está apegada à especulação mental.

JNANI - Uma pessoa que está ocupada no cultivo de conhecimento (especialmente através da especulação filosófica). Ao alcançar a perfeição, um jnani se integra em Krishna.

K

KAIVALYAM - O estado de realização da própria posição constitucional como parte e parcela de Brahman, que é preliminar à manifestação das atividades na plataforma de serviço devocional.

KAKIN - Ka: prazer; ak: dor e in: possuir, ou seja, aquele que experimenta prazer e dor; o ser individual, a mônada, o Jiva.

KALAHAMSA - Kala: tempo; hamsa: cisne, ave mística. Nome dado a Parabrahman e traduzido por "cisne que está dentro e fora do tempo".

KALY-YOGA - A era das desavenças, a Quarta e última era no ciclo de uma maha-yuga. Esta é a era na qual estamos vivendo agora. Dura 432.000 anos, dos quais já passaram 5.000 anos.

KARMA - Da raiz Kr: fazer, obra, ação, rito, execução. É a lei da ação e divide-se em três momentos ou etapas, a saber: Sanchita Karma (Sanchita: acumulado, amontoado): é o resultado de todas as nossas ações passadas mas que ainda não começaram germinar, amadurecer e transformar-se na colheita de uma vida; Prarabda Karma (da raiz Prakk: antecipado; e arabda: começando): é o Karma colhido e acumulado no passado, mas que já começou produzir frutos na forma de acontecimentos presentes. É a parte do Sanchita que vai ser vivida no momento atual. Agami Karma (Agami: vindouro): é o destino que ainda não temos assumido, aquele que, sendo efetuado (semeado) agora, será incluído em Sanchita. Sintetizando: Karma é a lei de ação e reação, de causa e efeito.

KARMA-YOGA - (1)Ação em serviço devocional; (2) ação executada por pessoa que sabe que a meta da vida é Krishna, mas que está adicta aos frutos de suas atividades.

KESHAVA - O logos manifestado, a união de Vishnu, Brahma e Maheshvara. Termo sânscrito que deriva de KA-IZA-VA, isto é: "que goza de felicidade". Nome outorgado a                                   Vishnu ou a Krishna.

KRISHNA- É o representante do Verbo Divino ou Lógos (Cristo em nós). O nome original do Ser Realizado. A Suprema individualidade de Brahman; orador da Bhagavad-Gita.

KUNDALINI -  O fogo místico, o poder serpentino, a energia primordial. É o poder cósmico no homem. É a sutil energia do Ser, que, uma vez purificada, direciona o homem para sua unidade ou raiz, Brahman, e o transforma em alma perfeita. Nasce na boca do nadi Sushma, que vai do Muladhara Chakra até o Brahmaranda, atravessando assim todo o conduto espinhal.

KUMBHAKA-YOGA -   Suspensão completa das correntes de ar dentro do corpo.

KURUKSETRA -  Nome de um lugar sagrado de peregrinação desde os tempos antigos. Fica perto de Nova Delhi, Índia.

KURUS - Todos os descendentes do rei Kuru, mais especificamente dos 100 filhos de Dhrastra. Os Pandavas também eram descendentes do Rei Kuru, mas Dhrtarastra queria excluí-los da tradição familiar.

KUTASTHA-CHAITANYA Kutastha: o que está em cima, no cume, na cúspide; situado no alto. Chaitanya: espírito, inteligência, pureza. Esta é uma interpretação antropológica, pois, na cosmologia, Kustasha Chaitanya é Brahma, aquilo, a Causa sem causa, o Absoluto que, quando tentamos torná-lo inteligível, damo-lhe a característica de consciência pura.

L

LAYA - Palavra derivada da raiz "Li": dissolver, desintegrar. Ponto de equilíbrio. É o fim do universo integrado; o desaparecimento como ilusão fenomênica. É o ponto da matéria por cima e por baixo do qual cessou toda diferenciação ou mudança de manifestação.

M

MAHABHARATA -  Grande poema épico escrito por Vyasadeva, que descreve as aventuras dos Pandavas. A Bhagavad-Gita está incluída no Mahabharata. É considerado a Bíblia dos Hindus, é o maior poema que já existiu com cerca de 200.000 versos. (Supera Homero com a sua A Ilíade que possui 15.000 versos, e a Odisséia tem 12.000).

MAHAPARABHAKTI Maha: grande, poderoso, rico, abundante; para: infinito, limite extremo; bhakti: devoção adoração, amor divino. Limitada devoção e entrega total a Deus.

MAHARISH -  Grande vidente, ou sábio.

MAHATMA- Uma grande alma, uma pessoa que realmente compreende que Brahman é tudo e portanto se rende a Ele.

MAHAVAKYA - Literalmente: "grande fórmula", "grande sentença". A primeira Mahavakva afirma "tu és Aquele" (Tat Vam Asi); a Segunda, "eu sou Deus" (Aham Brahmasmi); a terceira, "este Atma é Deus" (Aiam Atma Brahman), e a Quarta , o conhecimento de Atma é Deus" (Pragnanam Brahman), também traduzida como "o conhecimento das escrituras e Deus".

MAHA-YUGA -  Um período de tempo. Dura 4.230.000 anos solares.

MANAS - Da raiz "man": pensar. É a faculdade mental, o intelecto, que flui e está em continuo movimento. Junto com Ahankara e Budhi constituem o "órgão inteiro", ou Antahkarama.

MANTRA - (man – mente – tra – liberação) uma vibração sonora pura para libertar a mente de suas inclinações materiais. O mais sagrado dos mantras orientais é Om.

MANU - O semideus administrador que é o pai da humanidade.

MAYA - Ilusão. O poder cósmico que faz possível a existência fenomênica e as percepções da mesma. De acordo com a filosofia hindu, somente aquilo que é imutável e eterno merece o nome de realidade; tudo o que está sujeito à mudança e que, portanto, tem princípio e fim, é considerado Maya.

MOKSHA - Liberdade, resgate, emancipação. É a libertação final de todo laço ou obstáculo, a união definitiva com Brahman, após a qual já não se volta a reencarnar. Equivalente a Nirvana.

MUKUNDA -  Nome de Krishna, "o que dá a libertação".

MULAPRAKRITI Mula: Raiz, base, origem, fundamento; Prakriti: a natureza, ou mundo material. A matéria primordial e elemental. Literalmente, é a raiz da natureza ou da matéria. É também sinônimo de Brahman, Causa sem causa.

MUMUKSHUT (ou MUMUKSHUTVA) - Desejo de liberação, de espiritual liberdade. É a quarta e última das condições necessárias ao discípulo, a saber: Viveka (discernimento), Vairagya (desapego), Satsampatti (seis virtudes) e Mumukshut (desejo de liberação).

MUNI - Um sábio ou alma auto-realizada.

N

NADIS - Da raiz nad: movimento. São condutos, canais, tubos de matéria astral por onde fluem as correntes vitais ou forças prânicas e psíquicas. Sua composição é de matéria sutil, portanto não podem ser vistos nem pode ser demonstrada sua existência a nível físico. Num corpo humano existem de 72.000 a 3.500.000, segundo diversos autores. Os mais conhecidos são: Sushumna, Ida e Pingala.

NAISKARMA -  Veja Akarma.

NIDRA - Sonho; a atividade espontânea da substância mental contínua, e o prazer experimentado por ela durante a etapa onírica. Uma das cinco modificações da mente.

NIRALAMBHANira: sem auxílio, apoio, apoiado em si próprio; lambha: grande, vasto, espaçoso. Refere-se ao estado de Samadhi (ver).

NIRGUNA- (Nir – sem, guna – qualidade) que não possui atributos. Quando aplicado a Deus, refere-se à manifestação dos atributos materiais.

NIRODHA - Cessação ou suspensão de todas as transformações e atividades mentais. É o fim dos cincos obstáculos da mente, a saber: Pramana, Viparyaya, Vikalpa, Nidra e Smriti (ver estes termos).

NIRVANA- A palavra designa a desaparição de todas as ilusões; é o domínio completo do espírito sobre a matéria. Quietação. É o repouso na verdade eterna.

NIRVIKALPA SAMADHI -   Ver Samadhi.

O

OM TAT SAT -  As três sílabas transcendentais usadas pelos brahmanes para satisfação do Supremo, quando cantam hinos védicos ou oferecem sacrifício. Elas indicam a Suprema Verdade Absoluta, a Individualidade de Brahman.

P

PANDAVAS -  Os cinco filhos do Rei Pandu: Yudhisthira, Arjuna, Bhima, Nakulas e Sahadeva.

PANDU - Literalmente: "o pálido". Pai putativo dos príncipes pandavas, adversários dos Kuravas na magnífica epopéia indiana do Mahabharata. Seus filhos foram os célebres Yudhishtira, Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva.

PARAMAHAMSA -  A classe mais elevada de devotos que realizaram Brahman.

PARAMATMA -  A suprema alma do universo. O espírito universal; o Eu Supremo que é Uno com o espírito universal.

PARVATI - Esposa do deus Shiva. As vezes, recebe o nome de Durga.

PATANJALI -  Uma grande autoridade no sistema de astanga-yoga e autor do Yogasutra.

PRAKRITI- A natureza ou mundo material; a matéria primordial e elementar. A energia materializada que, por sua vez, é a manifestação temporal da essência eterna, incorpórea e supra-espiritual, que é o mais íntimo ser de todas as coisas. É a contraparte de Purusha, que é a natureza espiritual ou espírito. Também se traduz por ignorância.

PRAMANA- Noções corretas que derivam das percepções corretas ou diretas por meio dos sentidos, das inferências corretas, ou deduções, e das testemunhas corretas, isto é, da autoridade da experiência alheia. Pramana é uma das cinco modificações da mente, que, segundo a análise da Sankya-Yoga, é necessário deter a fim de atingir o estado de Nirodha, onde desaparece a distinção entre objeto e sujeito.

PRANA - Alento de vida, energia vital. A vida que impregna todo corpo vivo, do mais insignificante ao mais complexo. É a porção da vida universal, onipresente, eterna, indestrutível, individualizada ou assimilada a um corpo em particular; quando esse corpo morre, o Prana volta ao oceano da vida cósmica.

PRANAVA - Expressão glorificada, ou laudatório. É equivalente a AUM, símbolo da divindade, nome místico de Deus, sílaba sagrada por excelência.

PRANAYAMA -  Controle, disciplina e domínio da respiração em seus três momentos ou etapas: a) inspiração (do prana ou ar vital), chamada Pura-Ka; b) retenção, acumulação ou anulação de qualquer movimento de entrada ou saída; recebe o nome de Kumbaka; e, c) expiração lenta e prolongada, deixando os pulmões quase vazios; corresponde a Rechaka. Os exercícios de Pranayama têm por objetivo dominar as energias vitais e purificar o veículo físico, e são os passos preliminares do Raja-Yoga.

PRATYAHARA -   Cessação das atividades sensoriais (uma das oito partes do sistema de astanga-yoga).

PRITIVI - Terra, o mais denso dos cinco tattvas, ou elemento primordial.

R

RAGA - Simpatia, gosto, interesse afeição, atração. É o terceiro obstáculo, ou impedimento, para a manifestação da verdadeira essência espiritual; estes obstáculos são: 1º) Avidya: ignorância, falta do real conhecimento, aquele que transcende as percepções da mente ou dos sentidos; 2º) Asmita (asmi: eu sou): A noção do eu como agente de todas as atividades. O egoísmo, o egocentrismo; 3º) Raga: desejo, gosto, paixão; 4º) Dvesha: contrário ao anterior, ou seja: aversão desgosto, repugnância, antipatia, ódio. Estes dois impedimentos (Raga-Dvesha) são a base de todos os pares de opostos na órbita das emoções, dos sentimentos, dos pensamentos, etc.; 5º) Abhinivesa: apego à vida, temor ao sofrimento.

RAJAS - Literalmente: "impureza". Ação, atividade, paixão. É uma das três Gunas, ou qualidades, da matéria (ou Maya). Predomina no reino humano e, às vezes, assemelha-se ao "pó", que cobre todas as coisas. A cor correspondente é o vermelho (ver Gunas).

RAMA - (1) Nome da Verdade Absoluta como a fonte de prazer ilimitada para os transcendentalistas; (2) encarnação de Brahman como um rei perfeito (Senhor Ramacandra).

RUPA - Corpo.

RISH - Vidente, sábio, profeta.

S

SADHU - Homem santo, devoto.

SAMADHI - Sam-adha: "possessão de si próprio". É o último passo e experiência do Yoga; é a absorção completa e total na verdade una, onde o ego se dissolve como a luz de uma vela confunde-se na brilhante luz do dia, depois do amanhecer. Fala-se da existência de duas classes de Samadhi; o Savikalpa, ou Samadhi com modificações, no qual, embora a mente esteja purificada, ainda não desapareceu dela a distinção entre o conhecedor, o conhecimento e as coisas conhecidas. O intelecto está em atividade, portanto a liberação não pode ser atingida. O Nirvikalpa, ou Samadhi sem modificações, é a extinção das diferenças percebidas entre conhecedor, conhecimento e objeto do conhecimento. O eu desaparece, e, com ele, a consciência desse eu que determina as ilusórias distinções. O Nirvikalpa é a real absorção no Divino.

SAMALAMBHASama: repressão de toda perturbação mental, domínio de si próprio; lambha: grande, vasto, espaçoso. Refere-se ao estado de Samadhi (ver).

SAMSKARA -  Este é um termo de amplas significações, a saber: impressão, influência, operação, forma, molde. Deriva da raiz verbal Kr: fazer. Sams-Kr: preparar, dar forma a algo para ser utilizado, mudar ou transformar. Também "o que foi trabalhado, cultivado e configurado". Samskara designa então os germens das inclinações e impulsos que advêm dos nascimentos anteriores para serem desenvolvidos nesta ou em futuras encarnações. Por outro lado, são as impressões deixadas pelos hábitos, sensações, percepções, etc., na matéria mental.

SANKARACARYA -  Uma encarnação do Senhor Shiva que apareceu no século VIII para propagar uma filosofia impersonalista com o objetivo de erradicar o budismo na Índia e restabelecer a autoridade dos Vedas.

SANKHYA - (1) Processo de yoga devocional descrito pelo Senhor Kapila no Srimad-Bhagavatam; (2) compreensão analítica do corpo e da alma.

SANYASI - Sannya: riqueza, e nyasa: renúncia, abandono; ou seja, renúncia das riquezas. O quarto estágio da vida humana, acorda da existência, no qual se renuncia a todos os bens materiais e, solitariamente, procura-se a reunião com Deus através do Samadhi. As etapas precedentes são: Brahmacharya, grehasta e vanaprastha.

SAT - Ser, essência, realidade, pureza, bondade. Sat é Ser, mas Ser como deve (dharma) ser, isto é, perfeito. A essência divina, a primeira e última realidade. Um dos três atributos do Absoluto ou Brahman: Sat (ser), Chit (sabedoria suprema) e Ananda (felicidade sublime).

SATSAMPATTI -   Conjunto das seis virtudes do discípulo competente, a saber: Shama (controle da mente), Dama (controle dos sentidos), Uparati (estado do pensamento no qual se ambiciona unicamente Brahman), Titiksha (indiferença ante o prazer e a dor), Samadana (constante concentração da mente) e Mumukshut (desejo de libertação).

SATTVA - Da raiz: ser; ou seja, "ser como deve ser". Literalmente: bondade, pureza, harmonia, entendimento, claridade, perfeição. É o estado ideal de ser. A primeira das três Gunas, ou qualidades da matéria (ou Maya). Predomina nos deuses e nas criaturas celestiais, nas pessoas totalmente desapegadas e voltadas para fins espirituais. O branco é a cor que lhe corresponde (ver Gunas).

SAVIKALPA SAMADHI -   Ver Samadhi

SHIVA - No panteão indiano, representa o arquétipo do asceta, o deus da libertação, o Yogui dos Yoguis, o destruidor da ilusão ou da ignorância. É a terceira pessoa da Trimurti, ou trindade: Brahma, Vishma, Shiva. Diz a tradição que esse deus está no monte Kailasa, no Himalaia, absorto em contínua meditação.

SIDDHA - Santo, asceta, uma criatura pura e perfeita, quase divina, um yogui ou adhikari dotado de poderes interiores.

SIDDHIS - Literalmente significa atributos de perfeição. São poderes extraordinários que se adquirem como decorrência da purificação e elevação da consciência. Geralmente se fala de oito poderes.

SLOKA - A métrica épica sânscrita, formada de trinta e duas sílabas.

SMRITI - Memória. Atividade da substância mental como produto das impressões das experiências passadas. Essas impressões provocam movimentos e incitam à ação. É uma das cinco atividades da mente.

SUKHA - Gozo, prazer, alegria, deleite, satisfação.

T

TAMAS - Literalmente: obscuro, negro, azul negro. Inércia, impureza; tenebroso. Uma das três Gunas, ou modalidades, da matéria (ou maya). Qualidade predominante nos brutos, no reino vegetal e inorgânico. Espiritualmente é cegueira, inconsciência. (Ver Gunas).

TANMATRAMatra: meramente; tan: isso; ou seja, insignificância. Os cinco elementos em seu estado sutil, que também recebem o nome de A-Panchikreta. Esses elementos primários são Espaço ou Éter, Ar, Fogo, Água e Terra. Em um de seus aspectos, são as cinco experiências sensoriais: som, tato, cor e forma, sabor e odor.

TANTRA - Literalmente: tear, urdume, sistema, ritual. Determinadas obras místicas e mágicas, cuja peculiaridade é o culto do poder feminino, personificado em Zakti. A maior parte dos Tantras estão dedicados a uma das múltiplas formas da esposa de Shiva, e estão escritos em forma de diálogo entre ambas as divindades. É possível que o Tantra tenha suas raízes em terras não arianas, pré-arianas, drávidas.

TATTVA (TATTWA)- Os princípios abstratos da existência, ou categorias – físicas e metafísicas. Equivalente às categorias de Aristóteles. Os Tattvas são cinco, a saber: Akasha (definido como aquilo que tem a capacidade de conter, ou seja, o espaço: Vayu (ar), Agni (fogo); Apas (água); e Pritivi (terra). Estes cinco Tattvas correspondem aos cinco sentidos, dando origem às sensações do ouvido, tato, visão, gosto e olfato. Correspondência dos elementos da alquimia.

TRIPUTI - O processo mental que percebe a diferença entre: sujeito que contempla, objeto contemplado e via de contemplação.

U

UPANISHADS -  As seletas filosóficas dos Vedas, como os Isa Upanishads, Katha Upanishads, etc. Eles são 108 em número.

UTTARA GITA -  Deriva o seu nome da partícula sânscrita Ut: elevação, cume; Gita é canto, canção. Assim, poder-se-ia traduzir o conjuntos destes dois termos como "canto final", ou "canto supremo".

V

VAIRAGYA - Desapego, desprendimento, renunciação. Desapego em todos os níveis: material, emocional, mental. Um dos requisitos impostos ao aspirante à auto-realização.

VAYU - Ar; o deus e soberano do ar. O segundo tattva, contando do mais sutil ao mais denso. Ar, vento, hálito, ar vital.

VASUDEVA -  O pai do Senhor Krishna. Nas Escrituras Sagradas, o homem perfeito é chamado Vasudeva: "Filho do Homem".

VEDANGAS -  Ciências sagradas relacionadas com os Vedas, e cujo conhecimento é indispensável para o aspirante à sabedoria. Essas ciências são seis, a saber: Shiksha (pronúncia e articulação dos mantras, fonética), Kalpa (sobre os rituais), Viakarana (gramática sânscrita), Niruktha (etimologia), Chandas (prosódia) e Jyotisha (atrologia).

VEDANTA- Veda: sabedoria, conhecimento último. Anta: fim. Literalmente: "fim ou coroa dos Vedas", ou também "fim e objeto de todo conhecimento". Antiquíssima doutrina mística, dividida mais tarde em três escolas: Dvaita (dualista), Vizichtadvaita (dualista com diferenciação) e Advaita (monista).

VEDANTA-SUTRA -   (Brahman-sutra) o tratado filosófico escrito por Vyasadeva para dar a conclusão de todos os Vedas.

VEDAS - As quatro escrituras védicas (Rg, Yajur, Sama e Atharva-Vedas) e seus suplementos: os Puranas, Mahabharata, Vvedanta-sutra, etc. Visão, conhecimento. É a Bíblia do Oriente.

VIKALPA- Dúvida, fantasia, ilusão. São as idéias imaginárias, que carecem totalmente da garantia da percepção. Irrealidade. Uma das cinco modificações da mente.

VIKARMA- Trabalho não autorizado ou pecaminoso, executado contra as injunções das escrituras reveladas. Falso Agir.

VIKSHEPA-SHAKTI -  O segundo e último poder de Maya: o de projetar-se ali onde a verdade foi velada, ocultada, apagada em virtude do primeiro poder, ou Avarana-Shakti. A proteção é de "algo" diferente da natureza daquilo onde a idéia é projetada. Desta maneira, temos que Maya vela a realidade e, sobre o velamento, projeta algo falso. (Ver Avarana-Shakti).

VIPARYANA -   Oposição, erro de juízo, falso conceito ou falso conhecimento. São as noções erradas, nascidas de conceitos falsos, É uma das cinco manifestações da mente, que se devem suprimir.

VISHNU - O ser que ocupa segundo lugar na trindade hindu (Brahma, Vishnu e Shiva). É o rei dos deuses solares ou da energia solar. Suas apresentações são muitas; entre as mais freqüentes, é visto descansando sobre grande serpente Ananta, que é símbolo da eternidade; ou cavalgando a ave Garuda, que representa o grande ciclo, ou idade de Brahman.

VIVEKA - Este termo é definido em sânscrito da seguinte maneira: Nitya (eterno), Anitya (passageiro), Vastu (coisas), Vivekahá (discernir), ou seja: discernir, discriminar, que é o real e que é o irreal. A verdadeira intuição, o conhecimento discriminado, capaz de perceber a mônada vital além das qualidade da matéria, ou ilusão. O inimigo da avidya, ou ignorância. Um dos requisitos do adhikari perfeito.

Y

YOGA - Da raiz yuj: unir. Literalmente: união, conexão, harmonia, relação. É a perfeita união do homem com a divindade. Patanjali define a Yoga como arte de suspender ou deter as funções da mente.

YOGUI - Devoto, asceta, místico; que pratica Yoga.

YUGA - Vasto período de tempo; uma das quatro idades do mundo, a saber: Krita Yuga (idade de ouro), treta Yuga (idade de prata), Dwapara Yuga (idade de bronze) e Kali Yuga (idade de ferro, ou idade negra).

(In Bhagavad Gita – Huberto Rohden – Editora Alvorada – São Paulo, 1984)

http://www.indiasabedoria.hpg.com.br/glossario.html

compilado por Beraldo Figueiredo

retirado de: www.espiritualismo.hostmach.com.br/glossario_indiano.htm