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O segredo de Melusina revelado, do Le Roman de Mélusine. Uma das 16 pinturas de Guillebert de Mets, cerca de 1410. O original está na Bibliothèque nationale de France.
Melusina é uma personagem da lenda e folclore europeus, um espírito feminino das águas doces em rios e fontes sagradas.
Ela é geralmente representada como uma mulher que é uma serpente ou peixe (ao estilo das sereias), da cintura para baixo. Algumas vezes, é também representada com asas, duas caudas ou ambos, e, por vezes, mencionada como sendo uma nixie.
Índice
[esconder]- 1 Heráldica
- 2 Versões literárias
- 3 Lendas
- 4 Usos notáveis
- 5 Referências
- 6 Ver também
- 7 Ligações externas
[editar] Heráldica
Melusina é às vezes utilizada como figura heráldica, tipicamente em brasões de armas no Sacro Império Romano-Germânico e na Escandinávia, onde apóia cada cauda escamosa em um dos braços. Ela pode aparecer coroada. O brasão de armas de Varsóvia apresenta uma sereia (denominada syrenka em polonês) muito semelhante a uma representação de Melusina, brandindo uma espada e escudo. Ela é o espírito das águas do Vístula, que identificou para Boreslaus de Masovia, o sítio apropriado para uma cidade em fins do século XIII.
[editar] Versões literárias
Raymond observa sua mulher, Melusina, no banho, e descobre que ela possui a parte inferior do corpo de serpente. Ilustração da obra de Jean d'Arras, Le livre de Mélusine (O Livro de Melusina), 1478.
A mais famosa versão literária dos contos de Melusina, aquela de Jean d'Arras, compilada em cerca de 1382–1394 foi elaborada numa coletânea de "histórias inventadas" pelas damas enquanto teciam.
O conto foi traduzido para o alemão em 1456 por Thüring von Ringoltingen, a versão que tornou-se popular como conto de fada. Foi posteriormente traduzido em inglês (cerca de 1500), e freqüentemente reimpresso tanto no século XV quanto no século XVI. Há também uma versão em prosa chamada a Chronique de la princesse ('Crônica da princesa').
Ela conta como Elynas, o Rei de Albany (um eufemismo poético para a Escócia) saiu para caçar certo dia e deparou-se com uma bela dama na floresta. Ela era Presina, mãe de Melusina. Ele persuadiu-a a casar-se com ele, e ela só concordou sob a condição — pois freqüentemente há uma condição dura e fatal vinculada a qualquer união entre fada e mortal — de que ele não deveria entrar na alcova quando ela desse à luz ou banhasse suas crianças. Ela deu à luz trigêmeas. Quando ele violou este tabu, Presina deixou o reino com suas três filhas, e viajou para a ilha perdida de Avalon.
As três garotas — Melusina, Melior e Palatina (ou Palestina)— cresceram em Avalon. Em seu décimo-quinto aniversário, Melusina, a mais velha, perguntou por que elas haviam sido levadas para Avalon. Ao ouvir sobre a promessa quebrada pelo pai, Melusina jurou vingança. Ela e suas irmãs capturam Elynas e o trancafiam, com suas riquezas, numa montanha. Presina se enraivece quando toma conhecimento do que as garotas haviam feito e as pune por ter desrespeitado o pai. Melusina foi condenada a tomar a forma de uma serpente da cintura para baixo, todo sábado.
Raymond de Poitou encontrou Melusina numa floresta da França, e lhe propôs casamento. Da mesma forma que sua mãe havia feito, ela estabeleceu uma condição, a de que ele nunca deveria entrar no quarto dela aos sábados. Ele quebrou a promessa e a viu sob a forma de uma meia-mulher, meia-serpente. Ela o perdoou. Somente quando, durante uma discussão, ele a chamou de "serpente" em plena corte, é que ela assumiu a forma de um dragão, deu-lhe dois anéis mágicos e se foi para nunca mais voltar.
No "The Wandering Unicorn" de Manuel Mujica Láinez, Melusina conta sua história de vários séculos de existência, da maldição original até a época das Cruzadas..[1]
[editar] Lendas
Melusina por Ludwig Michael von Schwanthaler (1845).
As lendas de Melusina estão especialmente ligadas às áreas setentrionais, mais célticas, da Gália e dos Países Baixos. Sir Walter Scott narrou uma história de Melusina em Minstrelsy of the Scottish Border (1802—1803), confiante que
- "o leitor encontrará as fadas da Normandia ou Bretanha, adornadas com todo o esplendor da descrição oriental. Também a fada Melusina, que casou-se com Guy de Lusignan, Conde de Poitou, sob a condição de que ele nunca tentasse invadir sua privacidade, pertence a essa última categoria. Ela deu ao conde muitos filhos, e construiu para ele um magnífico castelo através de artes mágicas. Sua harmonia não foi interrompida até que o marido xereta quebrasse as condições da união, ocultando-se para espionar a mulher tomando seu banho encantado. Mal Melusina descobriu o intruso indiscreto, transformou-se num dragão e partiu com um grito de lamentação, e nunca foi mais foi vista por olhos mortais; ainda que, mesmo nos dias de Brantôme, ainda se supunha que ela protegia seus descendentes, e teria sido ouvida lamentando-se nas correntes de ar à roda das torres do castelo de Lusignan, na noite antes que este fosse demolido."
Quando o conde Siegfried das Ardenas comprou os direitos feudais sobre Luxemburgo em 1963, seu nome estava ligado a versão local de Melusina. Em 1997, Luxemburgo emitiu um selo postal comemorativo desta Melusina, que possuía basicamente os mesmos dons mágicos que a ancestral dos Lusignan. A Melusina de Luxemburgo fez surgir o castelo de Bock por mágica na manhã após o casamento dela. Pelos termos do matrimônio, ela exigiu um dia de absoluta privacidade a cada semana. Infelizmente, Sigefroid, como os luxemburgueses o chamam, "não conseguiu resistir à tentação e num dos dias proibidos ele a espiou no banho e descobriu que ela era uma sereia. Quando ele soltou um grito de surpresa, Melusina percebeu-o e a banheira imediatamente afundou-se na rocha sólida, carregando-a com ela. Melusina surge brevemente na superfície a cada sete anos como uma bela mulher ou serpente, carregando uma pequena chave de ouro na boca. Quem quer que tire a chave dela a libertará e poderá tomá-la como sua noiva. "
Martinho Lutero conhecia e acreditava na história de outra versão da Melusina, die Melusina zu Lucelberg (Lucelberg na Silésia), a quem ele se refere várias vezes como um súcubo (Obras, edição Erlangen, volume 60, pp. 37-42). Johann Wolfgang von Goethe escreveu o conto Die Neue Melusine em 1807 e publicou-o como parte do Wilhelm Meisters Wanderjahre. O dramaturgo Franz Grillparzer encenou o conto de Goethe e Felix Mendelssohn criou uma abertura de concerto denominada "A Fada Melusina", seu Opus 32.
Melusina é um dos espíritos das águas pré-cristãos que às vezes são responsabilizados pela troca de crianças. A "Dama do Lago" que sumiu com o bebê Lancelot e o criou, era desta espécie perigosa de ninfa das águas.
[editar] Usos notáveis
- Uma versão estilizada de uma sereia, a qual é similar a algumas das lendas de Melusina, funciona como a mascote que aparece no logotipo da rede de cafeterias Starbucks.
- Na ficção, a lenda de Melusina é parte de "Possession: A Romance", de A.S. Byatt. Uma de seus principais personagens, Christabel LaMotte, escreve um poema épico sobre Melusina.
- "Melusina" não parece ter sido um nome feminino muito popular na Europa, mas Ehrengard Melusine von der Schulenburg, Duquesa de Kendal e Munster, amante de Jorge I da Grã-Bretanha, foi batizada como Melusine em 1667.
- O título do primeiro romance de Jakob Wassermann é Melusine. Curiosamente, seu sobrenome (Wassermann) significa "homem da água" em alemão.
- "The Fairy Melusina" é um poema épico escrito pela poetisa fictícia Christabel Lamotte no romance popular "Possession" de A.S. Byatt.
Referências
- Donald Maddox and Sara Sturm-Maddox, Melusine of Lusignan: foundling fiction in late medieval France. Um volume de ensaios que examina a monumental prosa francesa Roman de Melusine (1393), escrito por Jean d'Arras para Jean, Duque de Berry.
- Otto j. Eckert, "Luther and the Reformation," conferência, 1955. e-text
- Proust, Marcel. (C. K. Scott Moncrieff, trad.) Within A Budding Grove. (Página 190)
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