LIÇÃO 27 – Você é a Eternidade (Lobsang-Rampa)
Vamos trazer à frente o nosso velho amigo, o subconsciente, porquanto a relação entre a mente consciente e a mente subconsciente oferece uma explicação do funcionamento do hipnotismo.
Nós, na realidade, somos duas pessoas em uma só.
Uma, é uma criaturinha nove vezes menor do que a outra. É uma coisinha hiperactiva que gosta de interferir, gosta de dar ordens e de controlar. A outra pessoa, o subconsciente, pode ser comparada a um gigante afável, sem poder de raciocínio, pois a mente consciente tem a razão e a lógica, mas não tem memória. E o subconsciente não pode utilizar a razão, nem a lógica, mas é a base da memória. Tudo quanto já aconteceu a alguém, até mesmo as coisas ocorridas antes do nascimento encontram-se guardadas no subconsciente, e mediante tipos adequados de hipnose, essa memória pode ser libertada para exame, por parte dos outros.
Poderíamos dizer — para os fins deste, exemplo — que o corpo, no seu conjunto, representa uma biblioteca muito grande. Na sala da frente, ou na mesa da frente, temos uma bibliotecária. A virtude principal da mesma é que, embora não saiba tanta coisa sobre os diversos assuntos, indicará instantaneamente os livros que contêm a informação desejada. Possui a habilidade de consultar as fichas e logo dar o nome do livro com o conhecimento desejado. As pessoas são assim. A mente consciente tem essa capacidade de raciocinar (e, muitas vezes, de raciocinar incorrectamente!) e pode exercer uma forma de lógica, mas não dispõe de memória. A sua virtude está em que, quando preparada, pode despertar o subconsciente, de modo a que este último proporcione as informações armazenadas nas células da memória. Entre a mente subconsciente e a consciente existe o que podemos chamar de tela, que bloqueia de um modo efectivo todas as informações à mente consciente. Isto quer dizer que a última não pode simplesmente sondar a subconsciente a qualquer momento. Mas este procedimento é inteiramente necessário, porque de outra forma viria com o tempo a contaminar a outra parte. Afirmamos que o subconsciente tem memória, mas não raciocínio. Estará claro que, se a memória pudesse combinar-se ao raciocínio, algumas facetas da informação seriam distorcidas porque o subconsciente, dotado do poder de raciocinar, poderia dizer, na verdade: “Oh, isso é ridículo! Isso não pode ser! Devo ter lido mal, deixe-me modificar os meus depósitos de memória”. Assim é que o subconsciente encontra-se destituído de razão, e o consciente de memória.
Temos duas regras a recordar:
1. A mente subconsciente não é dotada de raciocínio e assim sendo, só pode agir de acordo com a sugestão que lhe seja dada. Ela só consegue reter na memória qualquer afirmação, verídica ou inverídica, que lhe seja dada, e não tem a capacidade de avaliar se essa informação corresponde ou não à verdade.
2. A mente consciente pode apenas concentrar-se numa ideia de cada vez. Você logo compreenderá que estamos constantemente a receber impressões, formando opiniões, vendo coisas, ouvindo outras, tocando em objectos, e que se a mente subconsciente não fosse protegida, tudo entraria e ficaríamos com a memória congestionada, abarrotada de informações inúteis, muitas vezes incorrectas.
Entre as mentes subconsciente e consciente há uma tela que pode impedir a entrada dessas coisas que tenham de ser primeiramente examinadas pelo consciente, antes de serem transmitidas ao subconsciente para arquivamento. A mente consciente, portanto, limitada a examinar um pensamento de cada vez, escolhe o que pareça ser mais importante. Examina-o, e o aceita ou rejeita, à luz da razão ou lógica.
Você pode queixar-se, dizendo que tal não é possível, porque pessoalmente consegue pensar em duas ou três coisas ao mesmo tempo. Mas isso não acontece; o pensamento é muito rápido, na verdade, e é fora de dúvida que o pensamento se muda com a velocidade ainda maior do que a de um relâmpago; assim, embora você possa conscientemente julga que está com dois ou três pensamentos ao mesmo tempo, mas a investigação cuidadosa, feita pêlos cientistas, prova que apenas um pensamento pode ocupar a atenção de cada vez.
Gostaríamos de tornar claro que, como já afirmamos, os depósitos de memória da mente subconsciente contêm o conhecimento de tudo quanto aconteceu a esse corpo. Esse limiar ou tela consciente não impede a entrada de informações, e tudo vai ter à memória subconsciente, mas as informações que precisam ser examinadas pelo cérebro de raciocínio lógico são detidas, até o momento em que tenham sido avaliadas e pesadas.
Observemos então, como o hipnotismo funciona.
A mente subconsciente não tem poder de discernimento, não tem o poder de raciocínio, nem o de lógica, de modo que se pudermos forçar uma sugestão, fazendo-a passar pela tela que existe normalmente entre o consciente e o subconsciente, podemos levar o último a comportar-se como nós o desejarmos! Se concentrarmos a atenção consciente em um só pensamento, estaremos aumentando a sugestionabilidade. Se pusermos numa pessoa o pensamento de que ela será hipnotizada, e ela acreditar que isso ocorrerá, ocorre mesmo, porque aquela tela é baixada, então.
Muitos afirmam de que não podem ser hipnotizados, mas estão a afirmar com muita abertura à mesma. Ao negarem a sua susceptibilidade à hipnose, estão apenas a aumentar a mesma porque, mais uma vez o dizemos, em qualquer batalha entre a imaginação e a vontade, a primeira vence sempre. As pessoas podem não querer serem hipnotizadas. É como se a imaginação erguesse, irada, dizendo: “Você VAI SER hipnotizado!” e a pessoa “adormece” quase antes de saber se aconteceu alguma coisa.
Você já sabe então como é que alguém fica hipnotizado, mas não há mal em examinarmos a questão outra vez. A primeira coisa a fazer é ter algum método de atrair a atenção da pessoa, de modo que a sua mente consciente, que só pode reter um pensamento de cada vez, fique presa, e então as sugestões possam invadir o subconsciente.
Em geral, o hipnotizador tem um botão ou bocado de vidro brilhante, ou algum outro dispositivo, e pede ao paciente que focalize a atenção nesse objecto brilhante, e focalize a atenção com determinação.
O objectivo disso, ao que vamos repetir, está em empenhar a mente consciente de tal maneira que ela não perceba o que esteja ocorrendo nas suas costas!
O hipnotizador segurará um objecto pouco acima do nível dos olhos do paciente, porque ao olhar acima desse nível os olhos da pessoa são postos numa posição inatural de tensão. Isso força os músculos dos olhos e também das pálpebras. E estes últimos são os músculos mais fracos do corpo humano, cansando-se com mais rapidez do que qualquer outro.
Passam-se alguns segundos, os olhos cansam-se, começam a lacrimejar. E torna-se então simples para o hipnotizador, começar a dizer que os olhos estão cansados e que a pessoa quer dormir. Ela, naturalmente, quer fechar os olhos, porque o hipnotizador acabou de deixar aqueles músculos fatigadíssimos! A monotonia mortífera, repetindo que os olhos estão cansados entedia o paciente, e afasta a guarda — a percepção — do paciente. Ele, falando francamente, está entediadíssimo com aquilo tudo, e acha que seria bom dormir para ter algo diferente a fazer!
Quando isso foi feito algumas vezes, a sugestionabilidade do paciente ficou aumentada, isto é, ele está formando o hábito de se tomar hipnoticamente influenciado. Assim, quando alguém — o hipnotizador — diz que seus olhos estão-se cansando, o paciente o aceita sem a menor hesitação, porque as experiências anteriores ensinaram que os olhos em tais condições realmente se cansaram.
Deste modo, o paciente passa a depositar cada vez mais fé nas afirmações do hipnotizador.
A mente subconsciente é inteiramente destituída de crítica, não consegue discernir, de modo que se a mente consciente pode aceitar a afirmação de que os olhos se cansam quando o hipnotizador o afirma, também o subconsciente concordará em que não haverá dor, quando o hipnotizador o disser. Nesse caso, o hipnotizador que sabe o que faz pode fazer por exemplo com que uma mulher dê à luz inteiramente sem dor, ou conseguir que um paciente faça uma extracção de um dente sem qualquer dor ou incómodo. É uma questão muito simples, e requer apenas uma leve prática.
Portanto, a pessoa passa e estar em condições de ser hipnotizada e passa a aceitar as afirmações do hipnotizador. Em outras palavras, foi dito ao paciente que os seus olhos ficavam cansados. E a sua própria experiência vinha provar-lhe que isso de facto acontecia. O hipnotizador lhe disse que ia sentir-se muito à vontade, se fechasse os olhos, e quando o fez isso realmente aconteceu.
O hipnotizador precisa sempre ter o cuidado de fazer afirmações que sejam inteiramente aceites pela pessoa hipnotizada. De nada adianta dizer a alguém que está em pé, quando é óbvio que a pessoa sabe que está deitada. A maioria dos hipnotizadores só falará com o paciente sobre alguma coisa, depois que a mesma tenha sido provada. Eis um exemplo:
O hipnotizador poderá dizer ao paciente que estenda o braço o mais que pode. Repetirá isso em voz monótona, por algum tempo, e quando vê que o braço do paciente está-se cansando, dirá: “O seu braço está a ficar cansado, o seu braço está a ficar pesado, o seu braço está a ficar cansado”. O paciente prontamente concordará com isso, porque é evidente que ele se cansa, mas no estado de leve transe não se encontra em posição de retorquir ao hipnotizador: “Ora, seu idiota! Naturalmente que está cansado, de tanto ficar assim estendido!” Ao invés disso, ele se limita a acreditar que o hipnotizador tenha um certo poder, uma certa capacidade que o pode obrigar a fazer o que for ordenado. No futuro, acontecerá que os médicos e cirurgiões recorrerão cada vez mais aos métodos hipnóticos, porquanto o hipnotismo não apresenta efeitos secundários, nada que seja doloroso, nada que perturbe. O hipnotismo é natural, e quase todas as pessoas são susceptíveis às suas ordens. Quanto mais uma pessoa afirme que não pode ser hipnotizada, tanto mais fácil é hipnotizá-la.
Nós, entretanto, não estamos interessados em hipnotizar os outros, porque a menos que se encontre em mãos altamente preparadas, pode ser uma coisa muito perigosa e má. Estamos apenas interessados em ajudar o leitor a hipnotizar-se a si próprio, porque, se o conseguir, conseguirá afastar-se dos maus hábitos, curar-se das suas debilidades, elevar a sua temperatura no tempo frio e fazer muitas outras coisas úteis.
Nós não vamos ensinar a hipnotizar os outros, porque consideramos isso muito perigoso, a menos que alguém tenha largos anos de experiência. Existem certos factores sobre o hipnotismo que vamos mencionar, entretanto, e na Lição seguinte, iremos analisar o auto-hipnotismo. É dito, no Ocidente, que nenhuma pessoa pode ser hipnotizada instantaneamente. Isso é incorrecto. Qualquer pessoa pode ser instantaneamente hipnotizada por alguém que tenha sido preparado com certos métodos orientais. Felizmente, poucos ocidentais receberam essa formação. Afirma-se, também, que nenhuma pessoa pode ser hipnotizada e obrigada a fazer uma coisa que colida com seu código moral. Também isso é falso, inteiramente falso. Não se pode ir a um homem integro e que viva bem, hipnotizá-lo e dizer: “Agora, vá roubar um banco!” O paciente não o faria, e ao invés disso despertaria. Mas um hipnotizador habilidoso pode enunciar as suas ordens e palavras de tal modo que o paciente hipnotizado acredite que estará a participar numa brincadeira ou um jogo.
É possível a um hipnotizador, por exemplo, fazer muitas coisas erradas a outra pessoa. Tudo de que necessita, mediante palavras e sugestões escolhidas, é persuadir o paciente de que ele ou ela se encontra em companhia de alguém a quem ame, ou alguém em quem confie ou, então, esteja brincando. Nós não vamos examinar mais este aspecto particular da questão, porque o hipnotismo é na realidade uma coisa chocantemente perigosa, em mãos inescrupulosas e despreparadas. Sugerimos de modo algum que você não utilize o hipnotismo, a menos que seja no tratamento com a supervisão de um médico idóneo, com grande experiência e muita preparação.
Ao lidar com o auto-hipnotismo, se seguir as nossas instruções, você não poderá se prejudicar, nem a pessoa alguma.
Ao contrário, poderá fazer muito bem a si próprio e talvez também aos outros.
LIÇÃO 27 – Você é a Eternidade (Lobsang-Rampa)
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