segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Prāṇa, Prāṇa Nigraha & Prāṇāyāma

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[Edição de internet. Artigo publicado originalmente na Revista Yoga Vidyā, Vol. I, No. 3, 2011. Kaula Yoga Publicações.]

Prāṇāyāma é o quarto aspecto do aṣṭāṅga-yoga de Patañjali na seqüência de āsana (postura). Através da prática de āsana o sādhakatranscende as limitações do complexo corpo-mente e ganha uma profunda consciência interior dos kośas através do prāṇāyāma. Ademais, as técnicas de prāṇāyāma intensificam e desenvolvem a consciência doprāṇamaya-kośa. O despertar dos diferentes prāṇas na estrutura física e a remoção de bloqueios nos cakras pavimenta o caminho para o despertar da kuṇḍalinī.

Em sânscrito a palavra prāṇa significa energia vital e āyāma significaexpandir. Assim, o significado da palavra prāṇāyāma é expansão da energia vital. Contudo, antes da realização ou efetivação do prāṇāyāmaexiste um estágio conhecido como prāṇa-nigraha. A palavra nigrahasignifica controle, portanto, prāṇa-nigraha é o controle do prāṇa. Estes são os dois aspectos de prāṇāyāma segundo o Pātañjala Yoga.

Inicialmente, quando começamos as práticas respiratórias, não éprāṇāyāma que estamos praticando. Prāṇāyāma é o resultado do controle total de todos os upa-prāṇas ou sub-prāṇas. Após obter harmonia na estrutura fisiológica, quando o prāṇa é desperto no reino dos cakras, então prāṇāyāma se inicia. É neste contexto, por conta destes aspectos sutis e desconhecidos para maioria dos praticantes, que temos de esclarecer as pré-concepções acerca do prāṇāyāma. Portanto, começaremos com prāṇa, depois abordaremos prāṇa-nigraha e finalmente prāṇāyāma.

1. Aspectos do prāṇa

Prāṇa ou energia vital é a essência de todas as formas criadas e manifestas, sejam elas animadas ou inanimadas. É a essência ou força que determina a existência da matéria e de todos os elementos. A forma primordial do prāṇa é conhecida como mahā-prāṇa. Este é o aspecto transcendental e não manifesto do prāṇa, seja de forma grosseira (śthūla) ou sutil (sukṣma). Quando mahā-prāṇa é combinado com os atributos deprakṛti (a natureza), torna-se simplesmente prāṇa.

Portanto, prāṇa é a combinação de prakṛti e mahā-prāṇa operando juntos para criar a manifestação grosseira e sutil. Deste prāṇa surge iḍā, a experiência prânica sutil (sukṣma) e piṅgalā a experiência prânica grosseira (śthūla). Um outro nome para iḍā é cit-śakti, a força que governa as dimensões sutis, enquanto que piṅgalā também recebe o nome de prāṇa-śakti, a força que governa a dimensão grosseira.

Desta manifestação prânica surgem mais cinco manifestações. A primeira é o prāṇa físico ou a energia que se movimenta para cima. A segunda é apāna ou a energia que se movimenta para baixo. A terceira ésamāna ou a energia que se movimenta lateralmente e que equilibra e distribui os dois vāyus acima citados. A quarta é udāna, a energia que se movimenta circularmente. A quinta é vyāna, a energia que permeia todo o corpo.

De forma breve, estes são os cinco prāṇas relacionados a dimensão física ou grosseira ou reino da experiência física. Iḍā e piṅgalā pertencem ao reino da experiência mental, sutil. O resultado da interação entreprakṛti e mahā-prāṇa é o reino físico do prāṇa. Assim, o primeiro aspecto, o grupo dos cinco prāṇas, é físico; o segundo aspecto, iḍā e piṅgalā, é mental; o terceiro aspecto, prāṇa, é psíquico ou causal; e o quarto aspecto, mahā-prāṇa, é transcendental.

Os cinco prāṇas – o aspecto físico

Começando a partir do corpo, estes cinco prāṇas possuem diferentes funções e fluxos.

1. Śthūla-prāṇa, a força que se move para cima, está situado na região torácica, entre o diafragma e a garganta. Os órgãos físicos associados a este prāṇa são os pulmões, o coração, esôfago e traquéia. O controle e a regulação das funções destes órgãos é uma função do prāṇa físico, bem como o trabalho de inspiração e expiração.

2. Apāna, a força que se move para baixo, está situado na região pélvica, entre o umbigo e o períneo. Esta energia é responsável pela eliminação da matéria residual e toxinas do corpo. Apāna controla as funções dos rins, bexiga, intestino grosso e órgãos urinários e excretores, bem como a expulsão das fezes e urina.

3. Samāna, a força que se move lateralmente, está situado na região abdominal, entre o diafragma e o umbigo. Essa energia equilibrante controla todo o sistema digestivo. Os órgãos associados com samānasão o estômago, fígado, pâncreas, baço, duodeno e intestino delgado. Todos os alimentos que ingerimos são assimilados devido ao trabalho desamāna, que distribui os nutrientes pelo corpo para que este possa ter saúde e vigor. A palavra sama ou samāna significa igual, uniforme ouconstante. É o prāṇa que distribui igualmente os nutrientes necessários para manutenção do annamaya-kośa (corpo físico).

4. Udāna, a força que se move circularmente, é responsável pelas funções dos jñānendryas (órgãos dos sentidos) e karmendryas (órgãos de ação).Udāna situa-se nas pernas, braços, pescoço e cabeça. Controla e coordena os movimentos das pernas, braços, pescoço e dirige as atividades cerebrais e órgãos dos sentidos, situados na região da cabeça: olhos (visão), ouvidos (audição), língua (paladar), nariz (olfato) e pele (sensação tátil). Os órgãos de ação governados por udāna são três: mãos, pés e fala; os outros dois, os órgãos excretor e urinário, estão sob o controle de apāna.

5. Vyāna, a força que permeia todo o corpo, é o reservatório do annamaya-kośa. Quando a gasolina prânica chega ao fim e não existe um posto de reabastecimento, o reservatório de vyāna é utilizado. Vyāna é a força prânica que entra em atividade quando existe uma falha ou falta de energia vital no organismo, i.e. nos outros quatro prāṇas. Ele é conhecido como o segundo alento (vāyu). Freqüentemente, quando nos encontramos fatigados, um ímpeto energético perpassa nosso organismo e nos capacita a dar continuidade a nossas atividades. Essa é a experiência de vyāna.

A parte do aspecto físico, estes cinco prāṇas são conectados aoscakras. Apāna é responsável pelos dois centros mais inferiores,mūlādhāra e swādhisṭhāna. Samāna é responsável pela experiência de dinamismo e vitalidade do maṇipūra. Anāhata e viśuddhi são controlados por prāṇa. Ājñā, biṅdu e sahasrāra são controlados por udāna. Vyāna é todo abrangente e perpassa todos os cakras. Esta é a localização fisiológica e os aspectos dos cinco prāṇas.

Em um nível físico, estes cinco prāṇas – e mais especificamente o prāṇalocalizado na região torácica – se relacionam com o processo de inspiração e expiração. As técnicas respiratórias, conhecidas comoprāṇāyāma, estimulam e despertam estes cinco prāṇas através do processo de controle da inspiração, expiração e retenção. Portanto, a respiração está conectada com o prāṇa em um sentido físico.

Iḍā e piṅgalā – o aspecto mental

Vamos abordar agora o aspecto mental de nossas vidas, a experiência de iḍā e piṅgalā. Iḍā é a força mental, representada pela lua ou energia lunar. O nome tradicional para iḍā é cit-śakti, a força de citta. Todas as experiências mentais que passamos na vida e as funções dos quatro aspectos da mente, i.e. manas, buddhi, citta e ahaṃkara, são controlados por iḍā, na medida em que permanecem mentais em natureza, sem manifestarem interação física. O que você está experimentando agora? Pensamentos, sensações, vibrações, criação de diferentes idéias e imagens etc., tudo isso é o trabalho de cit-śakti, a força de iḍā.

A força de iḍā é a energia sutil que controla manomaya e vijñānamaya-kośas, enquanto piṅgalā controla annamaya e ānandamaya-kośas. O trabalho com as posturas do Yoga (āsana) estende sua influência sobreannamaya, manomaya e prāṇamaya-kośas. O trabalho com prāṇāyāmaestende sua influência no prāṇamaya-kośa. De prāṇamaya-kośa as forças de iḍā e piṅgalā alcançam todas as dimensões (kośas).

Os pensamentos e as experiências mentais que permanecem confinadas no manomaya-kośa ou a dimensão mental até que se transformem em experiências físicas são regidos pela atividade de iḍā. Desejos, pensamentos, emoções e sentimentos ganham forma e vitalidade pela força de iḍā. Através do sādhanā, o sādhaka adquire a experiência dovijñānamaya-kośa, o conhecimento e habilidade intuitiva. Isso também está sob as funções de iḍā, a força mental. Portanto, a experiência deiḍā envolve manomaya e vijñānamaya-kośas.

A experiência de piṅgalā ou força vital primeiro ocorre como vitalidade física no annamaya-kośa. Resistência e força física, relaxamento e tensão, são aspectos físicos da energia de piṅgalā. A consciência que permanece em um profundo estado de meditação quando se experiênciaānandamaya-kośa após a dissolução de todos os saṃskāras e karmas, é o resultado do despertar de piṅgalā. Até mesmo em samādhi, onde há um estado elevado de consciência pura, existe a energia de piṅgalā. Este é o aspecto sutil do prāṇa.

O Yoga sustenta que as áreas sutis e experiências da mente podem ser controladas através das práticas de prāṇāyāma. Vamos nos lembrar que prāṇāyāma é a expansão do prāṇa e não o controle da respiração. Práticas como nāḍī-śodhana, bhrāmarī, bhastrikā e kapālabhāti são técnicas de prāṇa-nigraha e não prāṇāyāma propriamente dito.

Kuṇḍalinī – o aspecto causal

Após o aspecto sutil do prāṇa vem o aspecto causal, a combinação deprakṛti e mahā-prāṇa. Esta é a área psíquica onde a kuṇḍalinī se manifesta, pois a kuṇḍalinī representa a energia manifesta que passou por várias transformações, da mais sutil a mais grosseira. A reversão deste processo, genericamente conhecido como o despertar da kuṇḍalinī, é dirigido ou movimentado pelo aspecto causal do prāṇa. Quando todos os cakras estão em pleno funcionamento, quando as passagens prânicas estão limpas, então a kuṇḍalinī é desperta. Quando o despertar espiritual ocorre e a kuṇḍalinī ascende do mūlādhāra através dos diferentes cakras até o sahasrāra, pode-se dizer que isso ocorre na dimensão onde mahā-prāṇa une-se a prakṛti. Portanto, a kuṇḍalinī é a expressão da combinação de prakṛti e mahā-prāṇa. Mahā-prāṇa é o estágio final do esplendor no sahasrāra.

2. Prāṇa-nigraha

A palavra nigraha significa controle de e prāṇa significa energia vital. Portanto, prāṇa-nigraha é o controle da energia vital. Essa energia vital pode ser concebida de um ponto de vista físico bem como de um ponto de vista prânico. O aspecto físico lida com o controle do ar e o aspecto prânico lida com o controle do movimento da energia vital que ocorre nos níveis do prāṇa, apāna e samāna.

Primeiro vamos tratar do aspecto físico. Quando nós falamos de prāṇa no corpo físico como algo que se manifesta, nossa atenção é automaticamente direcionada para respiração. Existem certos movimentos dentro da tradição do Yoga que lidam especificamente comprāṇāyāma, como é o caso de swara-yoga, que dizem que a respiração normal é a manifestação externa da energia vital. Portanto, é imperativo que nós saibamos como respirar adequadamente. A respiração correta provê oxigênio, vigor e resistência para todo o corpo. Ela também aprofunda a consciência do fluxo prânico em todos os canais energéticos (nāḍīs).

Na descrição fisiológica do prāṇāyāma, as práticas começam com i.consciência da respiração, ii. expansão da respiração e iii.Direcionamento da respiração dentro do corpo, como por exemplo, a passagem psíquica frontal que vai do abdômen a garganta ou do abdômen ao ājñā-cakra ou a passagem psíquica espinhal que vai do mūlādhāra ao ājñā-cakra. Uma vez que estes três passos sejam desenvolvidos com proficiência, vem o quarto, a alteração do fluxo da respiração nas narinas. Este quarto passo é importantíssimo, principalmente em swara-yoga, a ciência tântrica da respiração cerebral.

A purificação das vias aéreas para que não haja dificuldades ou impedimentos na respiração é uma das primeiras considerações na prática do prāṇāyāma. Portanto, como uma regra geral em prāṇāyāma, nós sempre sugerimos que qualquer prática respiratória deve ser iniciada com a narina que está fluindo mais ar, e não necessariamente com a esquerda ou direita. A inspiração deve se iniciar na narina que está fluindo mais ar, seja direita ou esquerda, e a expiração na narina que está mais bloqueada. Consciência, expansão, direcionamento e alternância da respiração são práticas de prāṇa-nigraha. Seja lá qual a prática nós executemos, nāḍī-śodhana, bhrāmarī, bhastrikā, kapālabhāti,sūrya-bhedana, candra-bhedana, śītalī, sītkārī ou ujjāyī, o propósito fundamental é se transformar consciente do processo respiratório e então expandi-lo.

Expansão da respiração

Normalmente, devido ao estado dissipado das energias prânicas, nossa respiração é muito curta. Temos a tendência de respirar mais pela região torácica do que pelo abdômen. Essa respiração curta na região torácica não é aceita pelo Yoga porque ela não utiliza a capacidade total dos pulmões. Contudo, movimentando o diafragma com a respiração, acessamos a parte inferior dos pulmões, nos capacitando a experimentar uma quantidade maior de ar. Utilizar toda capacidade pulmonar é um ponto essencial nas práticas do Yoga, pois dessa maneira uma maior quantidade de energia é captada e distribuída pelo organismo.

Tradicionalmente, iniciamos as práticas respiratórias no Yoga com a respiração abdominal, pois isso aumenta a consciência do ar na parte inferior dos pulmões. O diafragma e o abdômen trabalham como uma bomba que suga e expulsa o ar. Com essa prática adquire-se proficiência na expansão da respiração, tanto na inalação quanto na exalação, modificando o padrão respiratório. Posteriormente, novas proporções são adicionadas a fim de aumentar gradualmente a expansão da respiração sem desconforto até que ela possa ser completamente controlada. Se tentarmos respirar devagar e profundamente sem o devido treinamento, os pulmões se esgotarão rapidamente. Portanto, a proporção respiratória deve ser aumentada gradativamente. Em um primeiro estágio, inspiração e expiração devem ter a mesma proporção, por exemplo, 5:5, como emnāḍī-śodhana. Com desenvolvimento, a expiração deve ter duas vezes a proporção da inspiração, 5:10. Dessa maneira, aumenta-se a expansão respiratória pela força e vigor do diafragma e pulmões já treinados, de forma que não haja tensão, fadiga ou desconforto nos estágios mais avançados de prāṇāyāma.

É dito que uma pessoa que adquiriu maestria em prāṇāyāma respira uma vez a cada minuto. Nós respiramos de dez a quinze vezes por minuto. Mas é possível ganhar controle sobre os processos respiratórios para que, ao estarmos caminhando, ao estarmos sentados, trabalhando ou nos divertindo, possamos inspirar por trinta segundos e expirar por mais trinta segundos. Tornando este o padrão de nossa respiração.

Para alcançarmos este controle respiratório, a proporção final deve ser correspondente a extensão do gāyatrī-mantra. Isso é executado da seguinte maneira: uma inspiração lenta e estável com repetição dogāyatrī-mantra, que possui vinte e quatro mantras ou contas; retenção interna com repetição de quatro gāyatrīs, noventa e seis contras; expiração com repetição de dois gāyatrīs, quarenta e oito contas; e retenção externa com repetição de dois gāyatrīs, novamente, quarenta e oito contas. Essa proporção de 1:4:2:2 é a ideal: um (inspire); quatro (retenha internamente o ar); dois (expire); dois (retenha externamente o ar). Alcançar este nível de controle respiratório pode levar anos, mas este é o estágio final em que prāṇāyāma pode ser aperfeiçoado fisicamente. Dessa maneira a expansão respiratória pode ser adquirida para que não haja desconforto, tensão ou fadiga nas práticas mais profundas deprāṇāyāma e swara-yoga.

Efeitos do prāṇāyāma nos três prāṇas

Aqui nós temos dois importantes aspectos do prāṇa, i.e. a geração de calor e frio. Samāna, a força responsável pela digestão e distribuição dos nutrientes ou energia as diferentes partes do corpo, é responsável pela geração de calor. As práticas de prāṇāyāma que geram calor no corpo estimulam e ativam samāna. Por exemplo, bhastrikā, a respiração fole, expande e contrai o estômago continuamente, estimulando a força desamāna na região abdominal. Práticas de prāṇāyāma como esta causam suor e aumentam a pressão sanguínea. Portanto, a vitalidade corporal, no que concerne a ciência prânica, está associada ao despertar de samāna.

Por outro lado, nós temos as práticas de prāṇāyāma que esfriam o corpo. São práticas que reduzem a pressão sanguínea e a hiperatividade. Aqui o processo respiratório é feito através da boca, o que conecta a respiração com a força de apāna. Portanto, temos prāṇāyāmas refrigerantes comośītalī, onde a língua forma um tubo por onde o ar é sugado ou o sītkārī, onde o ar é sugado através dos dentes cerrados. Dessa maneira, o prāṇasituado na região torácica não é utilizado, estimulado ou desperto em qualquer dessas práticas: bhastrikā, kapālabhāti, śītalī ou sītkārī. Estesprāṇāyāmas operam somente com a energia de samāna e apāna. A ativação de samāna é a ativação do maṇipūra e do plexo solar. A ativação de apāna é a ativação do mūlādhāra e do plexo sacral, também conectado ao swādhisṭhāna-cakra.

Kumbhaka, a retenção da respiração, seja ela interna ou externa, é o único método pelo qual o prāṇa é estimulado ou desperto. Se segurarmos a respiração e nos concentrarmos, rapidamente notaremos uma sensação de aquecimento na região torácica. Não experimentaremos esse calor na região do maṇipūra. O calor gerado nomaṇipūra opera com samāna e é dissipado por todo o corpo. Mas o calor gerado no nível do prāṇa, na região torácica, não se dissipa; ele permanece ali. Quando este calor é experienciado, estimulado e intensificado pela execução da kumbhaka, a ativação do prāṇa será conectada com o despertar de samāna e apāna.

Em seu Yogasūtra, o sábio Patañjali mencionou diferentes tipos deprāṇāyāma, mas ele foi muito breve e simples em sua descrição. Ele disse que inspiração, expiração e retenção do ar são os três tipos deprāṇāyāma. Quando as pessoas lêem suas observações, elas pensam que o processo físico de inspiração, retenção e expiração representa os três tipos de prāṇāyāma referidos por ele, mas este não é o caso. Patañjali se referia ao despertar dos três prāṇas. Retenção corresponde a força do prāṇa, inspiração corresponde a força de samāna e expiração corresponde a força de apāna. Assim, de acordo com o sūtra de Patañjali (II:50), o controle dos três prāṇas é prāṇāyāma, o qual podemos chamar de prāṇa-nigraha.

Em kuṇḍalinī-yoga outra referência da relação entre estes três prāṇas eprāṇāyāma é encontrada. Kuṇḍalinī-yoga descreve o processo de despertar da kuṇḍalinī como a reversão dos fluxos naturais de prāṇa eapāna e seu encontro na região de samāna ou maṇipūra. Normalmente,apāna flui para baixo e prāṇa flui para cima em um processo de repulsão. No centro do corpo ocorre o fluxo lateral de samāna. Assim, quando o fluxo de prāṇa e apāna é revertido e as três forças se integram na região de samāna, a kuṇḍalinī desperta. Esta explicação é apenas uma referência que explica mais detalhadamente o processo de inspiração, expiração e retenção como os três tipos de prāṇāyāma mencionados por Patañjali.

A respiração tem um papel fundamental, pois ela promove a consciência do prāṇa. Através da respiração nós podemos direcionar a força prânica a um determinado ponto. Contudo, nas práticas mais avançadas deprāṇāyāma, a técnica respiratória por si mesma não é suficiente. Há diferentes técnicas como prāṇa-vidyā, bandha e mudrā que devem ser combinadas com os aspectos mais avançados de prāṇāyāma.

Condutores de prāṇa

O sistema de nāḍīs descritos nos ensinos de prāṇāyāma não corresponde ao sistema de nervos do corpo físico, mas ao corpo bioplasmático. A palavra nāḍī não significa nervo, mas fluxo ou algo que está fluindo. As nāḍīs são canais através dos quais a energia ou prāṇaflui. Portanto, os caminhos por onde a energia percorre no corpo prânico são as nāḍīs. O kuṇḍalinī-yoga descreve o medhra ou plexo do corpo prânico do qual todas as nāḍīs emanam. Esse plexo se situa na região entre o mūlādhāra e o swādhisṭhāna-cakra. As escrituras ensinam que deste plexo emanam setenta e duas mil nāḍīs. Elas são condutoras da energia prânica distribuída por todo o corpo.

Destas setenta e duas mil nāḍīs, que incluem os maiores e menores fluxos, apenas setenta e duas são consideradas importantes. Destas setenta e duas nāḍīs, que carregam o prāṇa e seus vāyuscorrespondentes, os upa-prāṇas, apenas dez são consideradas importantes. Estas dez nāḍīs principais se localizam na coluna espinhal e perpassam cada um dos cakras. Elas carregam dez manifestações diferentes do prāṇa. As cinco maiores: śthūla-prāṇa, apāna, samāna,udāna, vyāna, e os cinco prāṇas menores: nāga, kūrma, kṛkara,devadatta e dhanañjaya.

Estes prāṇas menores são responsáveis por ações como arroto, vomito e soluço; piscar e o fechamento e a abertura das pálpebras; fome, sede, espirro e tosse; sono e bocejo; decomposição, desintegração do organismo morto. As atividades automáticas sobre as quais não possuímos controle são reguladas por estes prāṇas menores, conhecidos como vāyus. Portanto, os cinco prāṇas e os cinco vāyusfluem por estes dez canais que emanam desde o medhra ou plexo dasnāḍīs na região entre o mūlādhāra e o swādhisṭhāna-cakra. Eles conectam os sete cakras e se movem continuamente do mūlādhāra aosahasrāra como um agrupamento de nervos.

Destes dez fluxos prânicos, três são os mais importantes: iḍā, piṅgalā esuṣumṇā. Tanto iḍā e piṅgalā são nāḍīs mas, ao mesmo tempo, elas representam a ação do prāṇa nos níveis físico e mental. Então nós temosiḍā-nāḍī e a força de iḍā, bem como piṅgalā-nāḍī e a força de piṅgalā. O canal e a força que ele carrega são duas coisas diferentes. Portanto, quando nós falamos de iḍā temos de especificar ao que estamos nos referindo, se é iḍā-nāḍī ou a força de iḍā.

Iḍā e piṅgalā-nāḍīs fluem desde o mūlādhāra ao ājñā-cakra. O prāṇa que elas conduzem é tanto sutil quanto grosseiro, é tanto mental quanto físico. Assim, quando nós falamos de iḍā e piṅgalā como forças prânicas, estamos nos referindo aos dois aspectos do prāṇa que são ativo e passivo pro natureza. Quando nós falamos de iḍā e piṅgalā-nāḍīs, estamos nos referindo as passagens prânicas que emanam desde omūlādhāra e terminam no ājñā-cakra. A força passiva flui por iḍā-nāḍī e a ativa por piṅgalā-nāḍī.

Efeitos da respiração alternada pelas narinas

Os yogīs têm dito que o processo normal da respiração está conectado com estas duas nāḍīs e forças. Isso nos soa bem lógico porque quando nós checamos o fluxo da respiração, descobrimos que uma narina está mais aberta que a outra. Até o momento nenhum fisiologista foi capaz de explicar porque nós temos duas narinas, na medida em que a função de ambas é inspirar e expirar. Ninguém foi capaz de responder esta indagação e nós deveríamos considerá-la. Se o propósito das narinas é apenas inspirar e expirar, então deveria haver apenas uma e não duas. Mas acreditamos que não era isso que Deus considerava no momento da criação humanóide. Ele, de alguma maneira, criou uma ligação invisível entre os dois fluxos respiratórios das narinas e as forças de iḍā e piṅgalā.

Essa especulação está sendo feita porque o fluxo de ar em cada narina cria um determinado tipo de estado físico ou mental. Em termos científicos nos referimos a estas atividades como os sistemas simpático e parassimpático. É algo que podemos experimentar a todo instante. Quando estamos com sono ou letárgicos notamos que a narina esquerda está fluindo mais ar. Quando estamos ativos física ou mentalmente, notamos que o fluxo de ar está predominante na narina direita. Por que esta mudança ocorre e qual é a conexão entre essa mudança e a condição física e mental, por exemplo, no estado de sonolência ou no estado de atividade?

Portanto, os yogīs descobriram que existe uma conexão entre as narinas e as nāḍīs. Assim, quando o fluxo de ar é regulado em uma narina, ele irá estimular, despertar e vitalizar sua força prânica correspondente. A fim de manipular o corpo prânico ou bioplamático e intensificar sua experiência, a alteração e o controle do ar nas narinas é utilizado.

Piṅgalā, que flui pela narina direita, corresponde ao aspecto físico da vida. Ela é regulada pelo sol e portanto é conhecida como força solar. É positiva e masculina por natureza e está associada ao sistema nervoso simpático. Iḍā, que flui pela narina esquerda, representa a polaridade oposta. É regulada pela lua, a força negativa ou lunar. É feminina e fria por natureza e está associada ao sistema nervoso parassimpático. Iḍā epiṅgalā representam a dualidade das forças prânicas.

Com o controle físico da respiração pela expansão e alternância do fluxo aéreo nas narinas, certas mudanças prânicas ocorrem. Essas mudanças prânicas ajudam a limpar os bloqueios existentes nas nāḍīs. Por exemplo, nāḍī-śodhana-prāṇāyāma é uma técnica que purifica as nāḍīsremovendo seus bloqueios. Nessa prática começamos a expandir e alternar o fluxo da respiração pelas narinas até que possamos experimentar um estado de paz e tranqüilidade. Depois desenvolvemos a habilidade de reter a respiração.

Nāḍī-śodhana significa purificação das nāḍīs. Śodhana significapurificação ou penetração e nāḍī, como vimos anteriormente, significafluxo prânico. Portanto, essa prática, que é simples em seus estágios iniciais, mas que se torna complexa e difícil em seu estágio final, tem a função de limpar os bloqueios prânicos das passagens iḍā e piṅgalāatravés da alteração do fluxo de ar pelas narinas na inspiração e expiração. Isso cria um equilíbrio no fluxo respiratório e nas correspondentes atividades física e mental.

O despertar do prāṇa e de suṣumṇā

Quando este equilíbrio é conquistado, o despertar do prāṇa ocorre. Osyogīs têm dado o nome de despertar do prāṇa aos efeitos ou a conquista de prāṇa-nigraha. Quando as forças de iḍā e piṅgalā começam a fluir regularmente, ritmicamente e continuamente, e nenhum bloqueio ou desconforto fisiológico é encontrado no processo respiratório, então passamos a um estágio chamado prāṇotthana, que significa o despertar dos prāṇas, mais especificamente, o despertar de dois prāṇas, iḍā epiṅgalā.

Quando o despertar dos dois prāṇas, iḍā e piṅgalā, ocorre, a terceira nāḍīou força, conhecida como suṣumṇā, desperta. O despertar desta terceiranāḍī é uma das conquistas mais almejadas na ciência do prāṇāyāma,kriyā e kuṇḍalinī-yoga. É apenas quando a suṣumṇā é desperta que prāṇāyāma realmente começa. Até que isso ocorra a purificação de iḍā epiṅgalā continua no nível de prāṇa-nigraha. Com o despertar de suṣumṇāa prática de prāṇāyāma e a expansão do prāṇa ocorre dentro da estrutura prânica. Portanto, a extensão de nosso esforço físico é limitada a prāṇa-nigraha. Até mesmo com a purificação das nāḍīs e o despertar e equilíbrio de iḍā e piṅgalā, não haverá expansão no campo prânico. O campo prânico se expande apenas quando suṣumṇā desperta e dá início verdadeiramente ao prāṇāyāma.

3. Prāṇāyāma

A expansão do prāṇa ocorre em três estágios. O primeiro estágio é a reversão do fluxo de apāna, o segundo estágio é a reversão do fluxo deprāṇa e o terceiro estágio é a expansão da energia prânica na região desamāna. Como mencionado anteriormente, no nível de prāṇa-nigraha, apenas três prāṇas são considerados importantes: apāna, a força que se move para baixo, prāṇa, a força que se move para cima e samāna, a força que se movimenta lateralmente. Estes três prāṇas são os únicos afetados diretamente quando chegamos ao estágio de prāṇāyāma, que segue prāṇa-nigraha. Uma vez que tenhamos adquirido controle sobre o processo respiratório e pudermos expandir e reter a respiração com controle total, sem brevidade respiratória durante o processo de pūraka(inspiração), rechaka (expiração) e kumbhaka (retenção), então o primeiro estágio de prāṇāyāma, a reversão de apāna, pode acontecer.

Primeiro estágio: A energia de apāna, que flui para baixo, é completamente revertida para cima do mūlādhāra ao maṇipūra. Os textosyogīs atestam que neste estágio a inspiração e a reversão de apānaocorre através do canal iḍā. É por isso que geralmente é dito que nós deveríamos começar a prática de prāṇāyāma com a narina esquerda, i.e.iḍā-nāḍī. Mas no estágio de prāṇa-nigraha, onde nós estamos tentando apenas conquistar a consciência, controle e expansão da respiração, não importa realmente com qual narina começamos a prática. A reversão deapāna ocorre através de iḍā-nāḍī, inspirando através de iḍā e sentindo o fluxo da reversão de apāna desde o mūlādhāra até o maṇipūra, conduzindo a energia para cima pela passagem de iḍā. Contudo, para alcançar este nível onde é necessário sensibilizar a consciência para sentir a subida do fluxo de apāna do mūlādhāra ao maṇipūra, é necessário, talvez, meses de prática.

Segundo estágio: A energia de prāṇa, que normalmente flui para cima na região torácica, é revertida para baixo do viśuddhi ao maṇipūra. Esse processo ocorre na expiração onde há a consciência do prāṇa se movendo para baixo através de piṅgalā-nāḍī do viśuddhi ao maṇipūra.

Terceiro estágio: Aqui os três prāṇas se integram. Apāna, prāṇa esamāna se encontram na região do maṇipūra com a prática dekumbhaka, a retenção de ar. Quando as energias de apāna e prāṇa se integram na região de samāna, ocorre a culminação de prāṇāyāma. No momento da kumbhaka deve haver total consciência do maṇipūra, não na forma de cakra, mas na forma de agni-maṇḍala. Agni significa fogo emaṇḍala significa zona ou área, portanto, agni-maṇḍala significa zona de fogo.

Quando existe maestria sobre os processos de kumbhaka e o aspirante é capaz de reter o ar por um longo período de tempo, digamos pela duração de quatro ou oito gāyatrīs, dhāraṇā deve ser praticada sobreagni-maṇḍala. Quando a concentração é conjugada com prāṇāyāma, então os três prāṇas se fundem em um e ativam os outros dois, udāna evyāna. Quando os cinco prāṇas são ativados simultaneamente, akuṇḍalinī desperta. Este é o processo final da expansão do prāṇa, o terceiro estágio de prāṇāyāma. Não existem instruções práticas escritas sobre como praticar este último estágio. Somente instruções verbais são dadas ao aspirante pelo mestre que vê o progresso e perfeição na técnica.

Indicações de proficiência em prāṇāyāma

Muitos textos yogīs descrevem a proficiência em pūraka, rechaka ekumbhaka no processo do prāṇāyāma. No momento de pūraka, a inspiração, quando apāna ascende por iḍā-nāḍī existe uma incrível sensação de refrescância. É como se todo o ser entrasse em um estado de hibernação, um sentimento de interiorização total. É o último estágio da retração sensorial que uma pessoa pode experimentar em um nível físico. Nós conhecemos pessoas que após um mês de práticas intensas de prāṇāyāma mudaram completamente seu estado. Elas se tornaram mais introspectivas e quietas na medida em que se aprofundavam mais e mais sem seu campo prânico. Essa é a indicação física da reversão deapāna através de iḍā-nāḍī.

Os textos yogīs também atestam que no momento de rechaka, a expiração, quando prāṇa é revertido, existe um sentimento de vazio total, onde nada aparece na superfície da mente. A mente se torna absolutamente branca. Não existe nenhum tipo de absorção do mundo de nome, forma ou idéia. O que existe é a sensação total de śūnyata, como se toda energia estivesse deixando a cabeça, o centro ativo pensante, ocorrendo apenas uma integração na região do maṇipūra. Assim, a mente normal que vê, experimenta e pensa não existe neste nível. É muito difícil decifrar este estado em palavras, pensamentos, idéias, desejos ou emoções. O que quer que aconteça, está muito longe da cognição normal, cotidiana. O corpo se move como uma marionete, como se alguém o estivesse manipulando.

A dificuldade aqui se encontra no fato de que muitos praticantes não são conscientes das mudanças fisiológicas e psicológicas que ocorrem devido a prática do prāṇāyāma, o que faz com que eles se tornem receosos e interrompam a prática para que retornem ao estado normal. É por isso que as técnicas mais avançadas de prāṇāyāma sempre foram mantidas em segredo pelos mestres. Trinta anos atrás as pessoas não sabiam o que eram prāṇāyāmas e mesmo agora elas ainda não compreendem os aspectos esotéricos desta ciência. As pessoas consideram prāṇāyāma como a simples abertura de uma narina e o fechamento da outra. Não é possível que nós avancemos além do que aqui foi dito, pois o processo de reversão psicológica e as manifestações físicas que dele resultam só podem ser acompanhados por um guia competente. Se uma pessoa tenta avançar nestas práticas sem o auxílio de um professor qualificado, é possível que perca o equilíbrio mental e o controle sobre suas manifestações energéticas, que podem começar vagar a ermo em sua constituição prânica.

Em kumbhaka, quando prāṇa e apāna se integram no maṇipūra, a região de agni-maṇḍala, todas as propensões mentais (vṛttis) cessam seu funcionamento. Toda a consciência, a percepção mental e a estrutura prânica cortam sua conexão com o corpo físico. O que sucede a isso é a interrupção total dos vṛttis. Contudo, essa cessação dos vṛttis não é o objetivo do prāṇāyāma. É apenas uma indicação de que o praticante adquiriu perfeição nas técnicas de prāṇāyāma e agora já pode passar a próxima etapa.

Não pense que a injunção de Patañjali concernente ao controle dos movimentos da consciência (citta-vṛttis) pode ser conquistada através doprāṇāyāma. Na prática final de prāṇāyāma, a mente e suas percepções e o prāṇa e suas manifestações são integrados em um ponto. Por conta desta integração não há consciência do que está acontecendo em outros níveis. A pessoa sente-se como uma marionete. Não é possível racionalizar ou ver logicamente o que é justo ou injusto. Mas esta é uma fase temporária, assim dizem as escrituras.

Este terceiro aspecto do prāṇāyāma, a integração e o despertar do corpo prânico, ocorre no tempo de algumas semanas e depois o praticante passa a uma próxima etapa. Não é algo que dura meses e meses, anos e anos, e nem é uma condição a ser almejada. É como a faísca da vela de um carro dando início a ignição. Uma vez que a ignição tenha se iniciado, a chispa da vela pára. Assim, essa retração da consciência, energia, percepção e outras faculdades mentais são como a faísca da vela de ignição. Uma vez que o gerador prânico comece a funcionar, todas as faculdades retraídas retornam ao seu estado normal.

Quando este último estágio do prāṇāyāma é aperfeiçoado, ocorrem experiências físicas, mentais, psíquicas e espirituais. Em um nível físico há duas grandes indicações. Uma delas é boa digestão. Agni-maṇḍala se torna completamente ativa. O praticante pode comer qualquer coisa sem problema algum. Yogīs que se tornaram proficientes em prāṇāyāmapodem digerir até mesmo veneno sem nenhum tipo de efeito. A segunda indicação física é a leveza corporal, que se manifesta como a siddhi da levitação. Estas são as duas indicações físicas que se manifestam quando o praticante aperfeiçoou a arte do prāṇāyāma.

Em um nível mental, as vṛttis são controladas. O nāda ou som psíquicopode ser escutado, não só durante a prática de prāṇāyāma ou dhyāna, mas até mesmo quando se está caminhando, comendo ou conversando com alguém. As profundezas do ser se abrem e o praticante se torna consciente da vibração que controla todo o corpo. Quando os prānas são ativados ele se torna consciente de seus movimentos e do som que produzem; esta é a manifestação do nāda. É por isso que prāṇāyāma é a técnica que precede pratyāhāra, dhāraṇā e dhyāna. Este último aspecto de prāṇāyāma é muito sutil e se pudermos nos aprofundar nele, é possível experienciá-lo em questão de segundos.

Referência bibliográfica

SARASWATI, Swami Muktibodhananda. Hatha Yoga Pradipika. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust, 2009.

_____________. Swara Yoga: The Tantric Science of Brain Breathing. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust, 2006.

SARASWATI, Swami Niranjanananda. Prana and Pranayama. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust, 2009.

_____________. Prana Pranayama Prana Vidya. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust, 2005.

_____________. Yoga Darshan: Vision of the Yoga Upanishads. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust, 2002.

SARASWATI, Swami Satyananda. Asana Pranayama Mudra Bandha. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust / Belo Horizonte, Brasil: Satyananda Yoga Center, 2009.

_____________. Dynamics of Yoga, the Foundations of Bihar Yoga.Bihar, Índia: Yoga Publications Trust, 2006.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Selo Pashupati

 

 

O chamado selo Pashupati,mostrando uma sentado e possivelmente uma figura itifálico, rodeado por animais.

O selo Pashupati é o nome de um selo esteatito descoberto em Mohenjo-daro sítio arqueológico da Civilização do Vale . O selo mostra uma figura sentada, uma vez especulado para ser itifálico (falica), uma visão agora visto como sem fundamento; possivelmente tricephalic (tendo três cabeças); com um cocar chifres cercado por animais. É suposto ser uma das primeiras representações do Hindu deus Shiva (o selo tem o nome de " Pashupati ", um epíteto de Shiva) ou Rudra , que está associado com o ascetismo, yoga , e linga ; considerado como um senhor dos animais; e, muitas vezes descrito como tendo três cabeças.

Conteúdo

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Descoberta e descrição [ editar ]

Uma vista do local da escavação da Mohenjo-daro. A Área de DK-G em que o selo foi encontrado fica ao norte-leste da Grande Bath visto em primeiro plano. [1]

O selo foi descoberto em 1928-29, no Bloco 1, porção sul da Área de DK-G de Mohenjo-daro, a uma profundidade de 3,9 metros abaixo do ponto de referência. [2] EJH Mackay , que dirigiu as escavações em Mohenjo-daro, datado do selo para o Intermediário I Período em seu relatório 1937-1938 em que a vedação é numerada 420, dando-lhe o seu nome alternativo. [3]

Uma impressão feita a partir do selo esteatito

A vedação é formada de esteatite e mede 3,56 centímetros por 3,53 centímetros, com uma espessura de 0,76 cm.Tem uma figura humana no centro sentado em uma plataforma e voltado para frente. As pernas da figura são dobradas na altura dos joelhos com os calcanhares encostados e os dedos apontando para baixo. Os braços se estendem para fora e assentes ligeiramente sobre os joelhos, com os polegares voltadas para fora a partir do corpo. Oito pequenas e três grandes pulseiras a cobrir os braços. O peito é coberto com o que parecem ser colares, e uma banda dupla envolve em torno da cintura. A figura usa um cocar de altura e elaborada com estrutura em forma de ventilador central ladeado por dois grandes chifres estriados. A figura humana é cercada por quatro animais silvestres: um elefante e um tigre ao seu lado, e um búfalo e um rinoceronte do outro. Sob o estrado são dois cervos ou ibexes olhando para trás, de modo que seus chifres quase se encontram no centro. Na parte superior do selo são sete pictogramas , com as últimas para baixo aparentemente deslocadas por falta de espaço horizontal. [4] [5]

A identificação com proto-Shiva

A análise de Marshall

Uma descrição mais cedo e análise da iconografia do selo foi fornecida pelo arqueólogo John Marshall que tinha servido como o Director-Geral do Levantamento Arqueológico da Índia e conduziu as escavações dos sítios do Vale do Indo. Além das características gerais do selo descrito acima, ele também viu a figura central como uma divindade masculina; como de três faces, com uma possível quarta rosto para a parte traseira; e, como itifálico , embora admitindo que o que parecia ser o falo expostos poderia, em vez ser uma borla pendurada no cós. Mais significativamente, ele identificou o selo como um protótipo do Hindu deus Shiva (ou, seu antecessor védico, Rudra ), que também era conhecido pelo título Pashupati ("senhor do gado ') em tempos históricos. [6] Em um 1928-1929 publicação, Marshall resumiu suas razões para a identificação da seguinte forma:

Minhas razões para a identificação, são quatro. Em primeiro lugar, a figura tem três faces e que Siva foi retratado com três, bem como com mais usuais cinco faces, há abundantes exemplos para provar. Em segundo lugar, a cabeça é coroada com os chifres de um touro eo trisula são emblemas característicos da Siva. Em terceiro lugar, a figura está em uma atitude típica da yoga, e Siva foi e ainda é, visto como um príncipe mahayogi -a iogues . Em quarto lugar, ele está cercado por animais, e Siva é por excelência o "Senhor dos Animais" (Pasupati) -de os animais selvagens da floresta, de acordo com o significado da palavra védica pasu, nada menos do que a de gado domesticado. [ 2]

Mais tarde, em 1931, os seus motivos expandido para incluir o facto de Shiva está associada com o falo sob a forma de linga , e que na arte medievais ele é mostrado com veado ou ibexes, como são vistos abaixo do trono sobre o selo. [ 6] [7] A análise de Marshall da religião do Vale do Indo, eo selo Pashupati em particular, foi muito influente e amplamente aceito, pelo menos nos próximos dois gerações. Por exemplo, Herbert Sullivan, escreveu em 1964 que a análise de Marshall "foi aceita quase universalmente e influenciou muito a compreensão acadêmica do desenvolvimento histórico do hinduísmo". [8] Escrita em 1976, Doris Srinivasan introduziu um artigo de outra forma crítica da interpretação de Marshall por observando que "não importa em que posição é tomada em relação a iconografia do selo, é sempre precedido de interpretação de Marshall. Em igualar o personagem com proto Śiva do selo foi aceite." [9]E Alf Hiltebeitel observou que, após a análise de Marshall, "conversa de quase todos os esforços para interpretar o [Indus Valley] religião têm-se centrado em torno [o selo Pashupati] figura". [10]

Objecções e interpretações alternativas

Muita discussão tem sido feita sobre este selo. [11] Enquanto o trabalho de Marshall ganhou algum apoio, muitos críticos e até apoiadores teceram várias críticas. Doris Srinivasan argumentou que a figura não tem três faces, ou postura de yoga, e que na literatura védica Rudra não era um protetor dos animais selvagens. [12] [13] Herbert Sullivan e Alf Hiltebeitel também rejeitou as conclusões de Marshall, com o ex-alegando que o valor era do sexo feminino, enquanto o último associado a figura com Mahisha, o Buffalo Deus e os animais circundantes com vahanas (veículos) de divindades para os quatro pontos cardeais. [8] [14] Várias interpretações têm feito sobre o selo, alguns relacionando-a com orign dravidiana, alguns pré-ariana, alguns VEDIT e alguns Mythic e comparações incluem Agrni, Rudra, Mashisha, Varuna, Yogi, Yogi com Trident como vestido da cabeça, Rsyasrnga (sábio com chifres), que é um contemporâneo de Dasarata etc. [11]

A opinião corrente

Escrevendo em 2002, Gregory L. Possehl concluiu que, embora seria apropriado para reconhecer a figura como uma divindade, a sua associação com o búfalo de água, e sua postura como um dos disciplina ritual, considerando-o como um proto-Shiva "iria também agora. " [15]

 

  • Esta placa do Gundestrup Cauldron(200 aC-300 dC), descoberto na Dinamarca, provavelmente de origem Gaulês ou Thracian, descrevendo uma figura antlered segurando uma serpente e um torque, ladeado por animais (incluindo um veado), e sentado sob, ou adornada com representações controvertidas da folha pipal é notavelmente semelhante às representações sobre o Selo Pashupati. [16] [17]

Mohen-JO-daro

 


Saptmatrika Seal - Mohenjodaro


A estátua "rei-sacerdote"

Mohenjo-daro (significa: Mound of the Dead ) foi uma das maiores cidades-assentamentos da Civilização do Vale do sul da Ásia, situada na província de Sindh, no Paquistão. Construído em torno de 2600 aC, a cidade foi um dos primeiros assentamentos urbanos no mundo, existindo ao mesmo tempo que as civilizações do antigo Egito, Mesopotâmia e Creta. As ruínas arqueológicas da cidade são designados a Património Mundial da UNESCO . É por vezes referido como "An Indus antigo vale Metropolis".

Mohenjo-daro é uma construção notável, considerando a sua antiguidade. Ele tem um layout planejado com base em uma grade de ruas, que foram dispostas em padrões perfeitos. No seu apogeu da cidade, provavelmente, teve cerca de 35.000 moradores. Os edifícios da cidade foram particularmente avançada, com estruturas construídas de sol mesmo porte seca tijolos de barro cozido e madeira queimada. Os edifícios públicos dessas cidades também sugerem um alto grau de organização social. A chamada Grande Celeiro em Mohenjo-daro, tal como interpretado por Sir Mortimer Wheeler em 1950 é projetado com baias para receber carros de entrega culturas do campo, e há dutos para que o ar circule por baixo do grão armazenado para secá-la. No entanto, Jonathan Mark Kenoyer observou que não há registro de grãos existe no "celeiro". Assim Kenoyer sugere que um título mais apropriado seria "Great Hall."

Mohenjo-daro foi a cidade mais desenvolvida e avançada no sul da Ásia, e talvez o mundo, durante o seu pico. O planejamento e engenharia mostrou a importância da cidade para o povo do vale do Indo. A cultura Indus floresceu ao longo dos séculos e que deram origem à Civilização do Vale por volta de 3000 aC. A civilização durou muito do que hoje é o Paquistão e norte da Índia, mas de repente entrou em declínio por volta de 1900 aC.Assentamentos civilização do Indo espalhou até o sul da costa do Mar Arábico da Índia, em Gujarat, no extremo oeste, fronteira com o Irã, com um posto avançado em Bactria. Entre os assentamentos foram os principais centros urbanos de Harappa e Mohenjo-daro, bem como Lothal. As ruínas Mohenjo-daro foram um dos principais centros desta sociedade antiga. No seu auge, alguns arqueólogos opinar que o Indus Civilization pode ter tido uma população de mais de cinco milhões. Até o momento, mais de mil cidades e povoados foram encontrados, principalmente no vale do rio Indo, no Paquistão.

Fechar para o celeiro, há um prédio semelhante cívica na natureza - um grande banho público (às vezes chamado de Grande Bath), com passos até a piscina revestido de tijolos em um pátio com colunas. A área de banho elaborado foi muito bem construído, com uma camada de piche natural para mantê-lo de vazamento, e no centro foi a piscina. Medindo 12m x 7m, com uma profundidade de 2,4 m, que pode ter sido usado para cerimônias religiosas ou espirituais.

Dentro da cidade, casas individuais ou grupos de casas obtida água de poços. Algumas das casas incluídas quartos que parecem ter sido reservado para o banho, e de águas residuais foi direcionado para drenos cobertos revestem as principais ruas.Casas abertas apenas para os pátios interiores e pistas menores.Uma variedade de edifícios foram até dois andares.

Sendo uma cidade agrícola, também contou com um grande bem, e no mercado central. Ele também tinha um prédio com um forno subterrâneo (hipocausto), possivelmente para o banho aquecido.

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Mohenjo-daro - o centro da Civilização do Vale (2600 aC-1900 aC)

A "menina Dancing" encontrado em Mohenjo-daro é um artefato que é cerca de 4.500 anos de idade. A estátua de 10,8 centímetros de comprimento bronze da menina de dança foi encontrado em 1926 a partir de uma casa em Mohenjo-daro. Ela era estatueta favorito do arqueólogo britânico Mortimer Wheeler, como ele disse nesta citação de um programa de televisão 1973:

"Há rostinho Baluchi-style com beicinho lábios e olhar insolente nos olhos. Ela é cerca de 15 anos de idade eu deveria pensar, não mais, mas ela está lá com pulseira todo o caminho até seu braço e nada mais sobre. Uma menina perfeitamente, para o momento, perfeitamente confiante de si mesma e do mundo. Não há nada como ela, eu acho que, no mundo. "


Artefato "A menina dança" encontrado em Mohenjo-daro

Dravidas

 

por Clélio Berti

Os drávidas viveram no noroeste da Índia, hoje Paquistão, há mais de 5.000 anos. Desenvolveram uma cultura fantástica. Para se ter uma dimensão, a cidade de Mohenjo-Daro era habitada por 40.000 pessoas. As ruas eram planejadas formando quarteirões em ângulo reto. As ruas principais tinham largura de 13,5 metros. Tinham sanitários dentro das residências com água corrente. Os esgotos eram cobertos. Dominavam a irrigação de lavouras.
Um fato particularmente importante foi a descoberta, nas escavações arqueológicas, de uma grande piscina. Quando os arqueólogos observaram a piscina, não conseguiram entender e, de imediato, pensaram em alguma destinação ritual. Não conseguiram conceber que há 5.000 anos atrás, um povo poderia construir um clube onde as pessoas iam banhar-se e divertir-se.
Talvez, por que as escavações deram-se no início do século e, na época, não eram comuns clubes para divertimento.
Outro fato intrigante, foi a ausência de templos suntuosos. As escavações de grandes civilizações até então conhecidas, tinham a presença de templos suntuosos e uma diferença significativa entre o poder dominante – nobreza e/ou clero – e o povo.

Localização de Mohenjo-daro
Os drávidas tinham um volume significativo de expressões artísticas.
Destaca-se a escultura e, dento dela, o volume significativo de esculturas femininas. Eles gostavam muito de esculpir mulheres. Embora, outras esculturas, tais como, animais, carroças, brinquedos etc fossem comum.
Novamente, a surpresa: não havia esculturas de deuses e/ou deusas. As mulheres apareciam, geralmente, nuas, cobertas apenas por jóias.
No universo dravídico, aparece também objetos de adorno, tais como, colares, pulseiras, tornozeleiras etc. A presença de vários dados de jogar e peças de xadrez permite-nos concluir que esse povo gostava do jogo.
Embora os arqueólogos não conseguissem compreender as razões dravídicas, os estudiosos de outras áreas, notadamente, os observadores das culturas materlineares, conseguiram compreender o universo dravídico.
Os drávidas desenvolveram três filosofias diferentes, porém complementares: o Sámkhya, o Yôga e o Tantra. Para o sânscrito, as palavras terminadas em “a”, geralmente são masculinas como as descritas.
O Sámkhya é uma filosofia especulativa. Tentava explicar a origem e o destino da vida. O interessante em observar, é a ausência do conceito de Deus. Ou seja, eles explicavam o universo sem conceber um criador.
Entretanto, não podemos afirmar que fossem ateus, pois o Sámkhya não afirma, mas também não nega a presença de Deus.
O Yôga é uma filosofia prática. Para os ocidentais, falar em filosofia “prática” soa sem sentido. Pois os drávidas já concebiam esse conceito. O Yôga dravídico não se explica, não se justifica. Faça determinada técnica e terá determinado resultado. Se você executar a técnica e não obtiver o resultado, deve ter feito algo errado.
O Tantra é uma filosofia comportamental. Explica como o homem relaciona-se consigo mesmo, com os outros seres humanos, com os animais e com a Natureza.
Essa relação está baseada na sensorialidade. Como resultado dessa relação, aparece o culto à deusa-mãe. A mulher tem conotações especiais, pois consegue perpetuar a vida, mas não só isso, pois a mulher também é uma fonte inesgotável de sensorialidade. É adorada como a expressão máxima, a expressão mais sofisticada da natureza. É a razão das esculturas femininas aparecem em quantidade muito superior às esculturas masculinas.
As três filosofias são dualistas no sentido em que procura-se transcender a dualidade para vivenciar a unidade. Com esses elementos, pode-se compreender facilmente a razão pela qual não havia templos suntuosos em Mohenjo-Daro. Pode-se compreender também a razão pela qual havia um número significativo de esculturas femininas nuas, de animais, de brinquedos, de jóias e não havia esculturas de deuses e/ou deusas. A piscina faz sentido.

extraido de: http://www.zantina.org/palestras/2005/dravida.htm

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Liber Librae - O Livro do Equilíbrio SVB FIGVRA XXX

 

A.·. A.·. Publicação em Classe B.


O. Aprende primeiro- Ó tu que aspiras a nossa antiga Ordem! - que o Equilíbrio é a base do Trabalho. Se tu mesmo não tens um alicerce, sobre o que irás tu estar para comandar as forças da Natureza?


1. Saiba, então, que como o homem nasce neste mundo em meio às Trevas da Matéria, e à luta de forças rivais; seu primeiro esforço deve, portanto, ser o de procurar a Luz atravez da reconciliação delas.


2. Tu então que tens provas e problemas, regozija-te por causa deles, pois neles está a Força, e por meio deles é aberta uma trilha àquela Luz.


3. Como poderia ser de outro modo, Ó homem, cuja vida é apenas um dia na Eternidade, uma gota no Oceano do tempo; como poderias tu, não fossem muitas as tuas provas, purgar tua alma da escória da terra? É apenas agora que a Vida Mais Elevada é assediada com perigos e dificuldades; não tem sido sempre assim com os Sábios e Hierofantes do passado? Eles foram perseguidos e ultrajados, eles foram atormentados por homens; ainda assim sua Glória crescera.


4. Regozija, portanto, Ó iniciado, pois quanto maior for tua prova, maior teu triunfo. Quando os homens te ultrajarem, e falarem contra ti falsamente, não tem dito o Mestre, "Sagrados sois vós"?


5. Ainda assim, Ó aspirante, deixa que tuas vitórias tragam a ti não a Vaidade, pois com o aumento do conhecimento acompanharia o aumento da Sabedoria. Ele que sabe pouco, pensa que sabe muito; mas o que sabe muito descobrira sua própria ignorância. Tu vês um homem sábio em sua própria presunção? Não há mais probabilidade de existir um tolo, do que ele.


6. Não sejas apressado em condenar outros; como conheces aquilo no lugar deles, tu poderias ter resistido a tentação? E mesmo se fosse assim, Porque deverias tu menosprezar aquele que é mais fraco do que tu mesmo?


7. Tu, portanto, que desejas Dons Mágicos, estejas seguro de que tua alma é firme e inabalável; pois é lisongeando tuas fraquezas que os Fracos ganharão poder sobre ti. Rebaixa-te ante teu Self; contudo, não temas nem homem nem espírito. O Temor é o fracasso, e o precursor do fracasso; e a coragem é o início da virtude.


8. Portanto, não temas os Espíritos, mas sê firme e cortês com eles; pois tu não tens direito a desprezá-los ou a injuriá-los; e isto também pode induzir-te ao erro. Domina e bane-os, amaldiçoa-os pelos Grandes Nomes se necessário for; mas nem zombes nem os insultes, pois assim, certamente, tu serás levado ao erro.


9. Um homem é aquilo que ele faz de si mesmo dentro dos limites fixados por seu destino herdado; ele é uma parte da humanidade; suas ações afetam não somente o que ele denomina de si mesmo, mas também a totalidade do universo.


10. Venera, e não negues o corpo físico que é tua conecção temporária com o mundo externo e material. Portanto, que teu Equilíbrio mental esteja acima dos distúrbios dos fatos materiais; vigora e controla as paixões animais, disciplina as emoções e a razão, alimenta as Aspirações Mais Elevadas.


11. Faze o bem aos outros para teu próprio bem, não por recompensa, não pela gratidão deles, não por compaixão. Se tu és generoso, tu não ansiarás que teus ouvidos sejam deliciados com expressões de gratidão.


12. Lembra que a força desequilibrada é perniciosa; que a severidade desequilibrada é apenas cueldade e opressão; mas que também a misericórdia desequilibrada é apenas fraqueza que consentiria e incitaria o Mal. Obra com paixão; pensa com razão; sê Tu mesmo.


13. O Verdadeiro ritual é tanto ação quanto palavra; é Vontade.


14. Lembra que esta terra é apenas um átomo no universo, e que tu mesmo és apenas um átomo disto, e que mesmo tu poderias tornar te o Deus desta terra na qual tu rastejas e te arrastas, que tu serias, mesmo então, apenas um átomo, e um dentre muitos.


15. Contudo, tem o maior auto-respeito, e para este fim não peques contra ti mesmo. O pecado que é imperdoável é rejeitar consciente e intensionalmente a Verdade, recear o conhecimento mesmo que aquele conhecimento não alcovites teus preconceitos.


16. Para obter o Poder Mágico, aprende a controlar o pensamento; admita somente aquelas idéias que estão em harmonia com o fim desejado; e não toda idéia difusa e contraditória que se apresente.


17. O Pensamento fixo é um meio para um fim. Portanto, presta atenção no poder do pensamento silencioso e da meditação. O ato material é apenas a expressão externa de teu pensamento, e, portanto, tem sido dito que "Pensar tolice é pecado". O Pensamento é o começo da ação, e se um pensamento ao acaso pode produzir muito efeito, o que não poderia fazer um pensamento fixo?


18. Portanto, como já tem sido dito, Estabeleçe-te firmemente no equilíbrio das forças, no centro da Cruz dos Elementos, a Cruz de cujo centro o Mundo Criativo brotou no nascimento da aurora do Universo.


19. Sê tu, portanto, pronto e ativo como os Silfos, mas evita frivolidade e capricho; sê enérgico e forte como as Salamandras, mas evita irritabilidade e ferocidade; sê flexivo e atento às imagens como as Ondinas, mas evita ociosidade e inconstância; sê laborioso e paciente como os Gnomos, mas evita grosseria e avarice.


20. Então, irás tu gradualmente desenvolver os poderes de tua alma, e encontrar te a comandar os Espíritos dos elementos. Por que esteves a convocar os Gnomos para alcovitar tua avarice, tu não irias mais comandá-los, mas eles te comandariam. Abusarias dos puros seres dos bosques e das montanhas para encher teus cofres e satisfazer tua fome de Deus? Rebaixarias os Espíritos do Fogo Vivo para servir a tua ira e ódio? Violarias a pureza das Almas das Águas para alcovitar teu desejo de devassidão? Forçarias os Espíritos da Brisa Noturna para servir a tua loucura e capricho? Saiba que com tais desejos tu podes apenas atrair o Fraco, não o Forte, e naquele caso o Fraco terá poder sobre ti.


21. Na religião verdadeira não há seita, portanto, preste atenção a que tu não blasfemes o nome pelo qual outro conhece seu Deus; pois se tu fazes isto em Júpiter tu irás blasfemar יהוה e em Osíris יהשוה. Pergunta e tu irás obter resposta! Procura, e tu irás encontrar! Bate, e será aberta a ti.

 

VM Therion

O mito de Édipo

 

A história de Édipo

Édipo nasceu em Tebas e era descendente de seu mítico fundador, Cadmos. Seu avô foi Labdacos (o "coxo") e seu pai foi Laios (o "canhoto").

Laios casou-se com Jocasta e teriam sido felizes como reis de Tebas se não fosse um problema: não conseguiam ter filhos. Por essa razão, muito religiosos, foram consultar o Oráculo de Delfos.

No templo, a pitonisa délfica revelou que teriam um filho dentro de pouco tempo, mas que ele estava destinado a matar o pai e casar-se com a mãe.

Eles se alegraram pelo filho. Quando ele nasceu, Laios lembrou-se do oráculo e mandou os servos matarem o bebê.

Levaram-no para uma a floresta, furaram-lhe os pés e o amarraram de ponta cabeça em uma árvore para ser devorado pelos animais selvagens.

Passaram por ali uns pastores de Corinto e o levaram. Deram-no aos reis de Corinto, que também sofriam por não ter um filho. O rei e a rainha adotaram-no como se fosse seu, e lhe deram o nome de Édipo, que quer dizer "pés furados".

Quando cresceu, Édipo começou a sentir-se diferente dos seus concidadãos e foi consultar o Oráculo de Delfos. Aí soube que estava destinado a matar o próprio pai e a casar-se com a mãe. Horrorizado, decidiu não voltar a Corinto, Pegou o carro e foi para bem longe.

Em uma estrada estreita, nas montanhas, encontrou um carro maior na direção contrária. Tentou desviar-se mas os carros acabaram chocando-se de raspão. O cocheiro do outro carro xingou Édipo que, revoltado, o matou. Então o patrão do cocheiro avançou sobre Édipo, que o matou também. E continuou a viagem.

Chegou a Tebas e encontrou a cidade consternada por dois problemas: o rei tinha morrido e um monstro, a Esfinge, estabelecera-se na porta da cidade propondo um enigma. Como ninguém sabia responder, a Esfinge ia matando um por um. Jocasta tinha oferecido sua mão a quem livrasse a cidade desse monstro.

Édipo foi enfrentar a Esfinge. Era um ser estranho, com corpo de leão, patas de boi, asas de águia e rosto humano. Seu enigma: O que é que tem quatro pés de manhã, dois ao meio dia e três à tarde?

Édipo respondeu que era o homem, porque engatinha quando criança, passa a vida andando sobre dois pés mas,velho, tem que recorrer a uma bengala. A Esfinge matou-se e Édipo, casando-se com Jocasta, tornou-se o rei de Tebas.

Tiveram quatro filhos. Os gêmeos Eteócles e Poliníces, Antígona e Ismênia. Foram felizes durante muitos anos. Mas, depois, uma peste assolou a cidade.

Édipo quis ir consultar Delfos, mas foi aconselhado a chamar Tirésias, um velhinho cego e sábio que vivia em Tebas. Este revelou que a causa era o assassino de Laios, que continuava na cidade. Édipo prometeu prendê-lo e matá-lo, mas o sábio revelou que ele mesmo era o assassino, porque Laios era o dono do carro que ele enfrentara.

Jocasta, envergonhada, suicidou-se. Édipo furou os próprios olhos e renunciou ao trono. Cego, precisou ser guiado por Antígona para ir a Delfos. Aí soube que devia ir a um bosque sagrado, em Colonos, perto de Atenas. Ajudado por Teseu, rei de Atenas, chegou lá. Encontrou um lago, onde tomou banho, e uma caverna, onde penetrou depois de mudar de roupa. Entrou na eternidade